Quando utilizamos a Estratégia do Oceano Azul em empresas e setores nacionais, um dos atributos da Matriz de Valor deveria ser o de atuar no mercado externo. Entretanto, normalmente isso não acontece. Consideramos como fundamento que quem compra e vende são as empresas, e não os governos.
Estes, no caso nacional, têm criado mais dificuldades do que facilidades. Estamos entre os países mais burocráticos do mundo e chegamos ao absurdo de governos anteriores insistirem em exportar impostos – não falando da falta de integração entre setores do próprio governo, por falta de uma gestão estratégica.
Temos governadores que agem como presidentes da República, com objetivo de maximizar as suas atividades políticas e econômicas, o que inviabiliza criarmos sinergia. O Projeto de Nação pode inibir esse formato, que hoje é uma ameaça.
A Matriz de Valor das grandes nações do século XX não atende às demandas do século XXI porque navegam no oceano vermelho (em estado de entropia positiva), mas o Brasil é um dos poucos – se não for o único – capaz de atender a essas novas demandas e navegar no oceano azul (baixa ou nenhuma concorrência), por ter os atributos que o mundo precisa neste novo século, ou seja, segurança alimentar, energia limpa, água… e tem um povo que recebe de coração todas as nacionalidades. Além da sustentabilidade ambiental, conservando a maior floresta do mundo, algo que as principais economias não fizeram.
O Projeto de Nação, que tem à frente o Instituto Sagres, apresenta como um de seus temas “O Brasil no comércio internacional”, mostrando-nos o caminho a seguir. É o que faltava ao País. Ele permite mudar a postura estratégica da Matriz SWOT nacional atual, de crescimento para desenvolvimento.
Atualmente, no ambiente externo, há mais oportunidades do que ameaças. No ambiente interno, os pontos fracos ainda predominam sobre os fortes. O projeto é uma estratégia nacional de longo prazo, algo que não tínhamos, até hoje. O Projeto de Nação dá o Norte, os objetivos, as diretrizes para construir um futuro seguro, e identifica os óbices que dificultam o crescimento. É importante os governos, as instituições e o setor privado entenderem a sua importância.
O que faltava aos governos e ao setor privado, o Projeto de Nação oferece. Cabe a esses dois setores ampliar a sua visão, porque ambos têm problema de miopia. No “espaço mundial não há amizade, mas jogo de interesses”. É hora de os brasileiros adotarem esse projeto e ficarem unidos, não só para crescer com sustentabilidade, mas também para garantir a nossa soberania.
Hélio Mendes – Consultor de Estratégia e Gestão, professor da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, com curso de Negociação pela University of Michigan, Gestão Estratégica pela University of Copenhagen e Fundamentos Estratégicos pela University of Virginia.