Presidente Prudente, outrora um nome que evocava a pujança do oeste paulista, a promessa de um futuro construído com trabalho e honestidade, hoje carrega uma ferida escancarada em seu tecido cívico.
Não se trata de uma mazela invisível, sussurrada nos cantos. É um fato concreto, atestado por instâncias judiciais: seu principal mandatário, o prefeito eleito pela confiança do povo, carrega o peso de condenações múltiplas, tanto no âmbito civil quanto criminal. E a cereja amarga desse bolo é a determinação judicial para devolver recursos públicos para a Cidade da Criança.
Nada pessoal, mas não há espaço para ilusionismos ou para o famoso “deixa pra lá”.
Os fatos são teimosos e gritam. Um prefeito condenado não é uma mera nota de rodapé na história local. É um sintoma agudo de uma doença que corrói a credibilidade da política, que mina a esperança dos cidadãos e que lança uma sombra densa sobre o futuro da cidade. Aquele que deveria ser o guardião dos bens públicos, o exemplo de probidade e retidão, carrega a marca da improbidade e da ilegalidade.
E a pergunta que ecoa nas esquinas, nos cafés, nas rodas de conversa é: como seguir em frente? Como depositar novamente a confiança nas instituições quando o próprio líder máximo da cidade é confrontado com tamanha desonra? A resposta não é simples e exige uma reflexão profunda sobre o estado da nossa moral coletiva.
Presidente Prudente, nesse espelho distorcido da política nacional, não está sozinha.
Vemos, em diferentes esferas de poder, figuras maculadas por denúncias e condenações, agarradas aos seus cargos como carrapatos, indiferentes ao clamor da sociedade por ética e transparência. A velha máxima do “rouba mas faz” ainda paira no ar, como se a eficiência administrativa pudesse justificar a malversação do dinheiro público.
Mas a verdade é que a corrupção não constrói, ela destrói.
Ela desvia recursos que seriam destinados à saúde, à educação, ao bem-estar da população. Ela perpetua a desigualdade e a injustiça. E, no caso específico de Presidente Prudente, as condenações e aquela relativa aos recursos da Cidade da Criança é particularmente dolorosa.
A indignação que emerge das ruas e das redes sociais é um sopro de esperança. É o sinal de que a população não está disposta a normalizar o inaceitável, a conviver passivamente com a falta de ética e a impunidade.
Presidente Prudente precisa desse choque de decência e de coragem. Nossa imprensa, nossos lideres políticos e empresariais, as instituições precisam gritar e defender a honestidade como referência máxima para exercer quaisquer cargo público. Precisamos de líderes que inspirem confiança, que ajam com moral e ética, que coloquem o bem comum acima de seus interesses pessoais.
A reconstrução da credibilidade perdida não será tarefa fácil. Exige transparência na gestão, rigor na fiscalização, punição exemplar para os culpados e, acima de tudo, uma mudança de mentalidade na própria sociedade. É preciso romper com a cultura da tolerância à corrupção, com o “jeitinho” que se transforma em crime.
Presidente Prudente tem potencial para ser muito mais do que um reflexo sombrio da política brasileira. Tem uma história de trabalho, de gente honesta e batalhadora. É hora de resgatar esses valores, de erguer a cabeça e de exigir a integridade que sua gente merece.
A ferida está exposta, mas a cura só virá com a coragem de enfrentar o problema de frente e com a determinação de construir um futuro onde a ética e a moral sejam os pilares da administração pública.
O silêncio, nessa hora, seria a perpetuação da vergonha.

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