A idade e o tamanho podem ser uma ameaça para as empresas
O que era uma vantagem competitiva pode ser uma grande ameaça: a idade e o tamanho das empresas. Isso, em razão de estarmos na era digital e da tecnologia disruptiva e de que, na maior parte das grandes companhias, os CEOs de hoje foram formados no período analógico. Um bom modelo temos em casa, onde as crianças de 10 anos e até menos têm mais facilidade em manusear qualquer equipamento eletrônico do que um adulto.
Em relação à idade de uma empresa, a questão é que elas levaram anos para consolidar princípios e valores, contratando os melhores profissionais e consultorias. No plano operacional, onde está o maior número de colaboradores, foram investidas horas em treinamentos, sendo que, em algumas, as equipes foram “domesticadas” – no aspecto negativo – para executar os mais eficientes processos da época, e os melhores funcionários eram os que não cometiam erros. Foram “criados” no padrão em que errar era motivo até para demissão. Agora, errar, ou não ter receio de errar, é um dos atributos da era digital.
Quanto ao tamanho, o problema é o da lentidão. Os maiores exemplos estão na natureza: os mais ágeis levam vantagens, adotando melhores estratégias ou evitando ser pegos. E não há dúvida de que é mais fácil mudar a tecnologia e a cultura de uma organização pequena ou média do que fazer o mesmo em uma grande, quando se entende que é necessário adotar estratégias e tecnologias que permitam reinventar o modelo de negócio. Fontes para atestar isso não faltam, basta pesquisar quem eram as grandes empresas há dez anos e quem são as de hoje.
Numa menção a Shakespeare, “ser ou não ser, eis a questão”: continuar repetindo o que foi responsável pelo crescimento da empresa durante muitos anos e proporcionou sucesso, ou mudar? Os pontos de inflexão estão visíveis. O propósito deste artigo não é desmerecer os administradores das grandes organizações, até porque são gestores de sucesso, mas alertá-los de que as melhorias incrementais bem-sucedidas podem ser obstáculos para implementar tecnologias de ruptura.
Hélio Mendes – Consultor de Estratégia e Gestão, professor da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, com curso de Negociação pela University of Michigan, Gestão Estratégica pela University of Copenhagen e Fundamentos Estratégicos pela University of Virginia. [email protected] – www.institutolatino.com.br
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