As eleições têm perdido qualidade e se transformado em um verdadeiro teatro de horror, refletindo a decadência na qualidade dos candidatos. O que deveria ser o ponto alto de uma campanha – os debates – tornou-se o ponto mais baixo, onde, em vez de mostrar capacidade para resolver os problemas das cidades, os candidatos se concentram em atacar seus adversários, agindo como se estivessem em um ringue. Pior ainda, muitos eleitores avaliam os candidatos pela habilidade de atacar o oponente, ignorando as propostas apresentadas.
Quando os debates terminam, resta um vazio, uma sensação de que nada útil foi de fato discutido. Aqueles que insistem em fazer o certo são frequentemente vistos como fracos. Mas por que isso acontece? Em muitos casos, é porque os candidatos não têm conteúdo relevante ou convincente para apresentar. A maioria dos marqueteiros – que, na verdade, são meros “marreteiros” – oferece soluções baseadas em pesquisas superficiais e desconhecem a cultura das cidades.
Se ainda não temos bons partidos e candidatos que verdadeiramente nos representam, isso se deve ao valor que damos à nossa cidade e ao nosso país. O mais grave neste cenário é que pessoas que deveriam tentar mudar esse contexto colocam projetos pessoais acima das demandas nacionais. A construção de um país começa nas eleições municipais, e é crucial que todos nós compreendamos essa responsabilidade.
Para mudar esse cenário, é fundamental que os eleitores passem a valorizar o processo eleitoral, entendendo que a escolha de um representante é mais do que um simples ato de votar; é uma decisão que impacta diretamente o futuro da cidade e do país.
Precisamos exigir candidatos qualificados e debates que realmente abordem os problemas e soluções necessárias, pois é nas eleições municipais que se plantam as sementes de um país mais justo e desenvolvido.
Hélio Mendes
Hélio Mendes é autor de “Planejamento Estratégico Reverso” e “Marketing Político Ético”. Ele atua como consultor de empresas e já foi secretário de planejamento e meio ambiente na cidade de Uberlândia/MG. Além disso, é palestrante em cursos de pós-graduação e na Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, e membro do Instituto SAGRES – Política e Gestão Estratégica Aplicada, em Brasília.
