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A NOTA DE CRÉDITO DO BRASIL

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Recentemente, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s Global Ratings alterou para positiva a nota de crédito, classificação que não acontecia desde 2019, em movimento que foi intensamente comemorado pelo governo, com manifestação do Ministro da Fazenda afirmando “economia do país já demonstra uma capacidade grande de apresentar resultados positivos”.

Esse post do Ministro mostra que o governo não leu ou não entendeu a nota da agência S&P.

Na realidade, as condições necessárias para a evolução na nota de crédito foram estabelecidas nos últimos anos, abrangendo governança, modernização da economia, equilíbrio fiscal, independência do Banco Central e adequação do código trabalhista, entre outros.

S&P avalia, também, as possibilidades de não reversão das reformas aprovadas no período anterior; de firme atuação do Congresso e do Banco Central; e de a reforma tributária se tornar, de fato, motor do crescimento econômico.

A inesperada evolução pode ser até percebida como merecida recompensa, mas, olhando bem, o atual nível da nota brasileira nos deixa na companhia de Bangladesh, Costa Rica, África do Sul, entre outros, e para um futuro upgrade real, dependeremos de políticas consistentes de crescimento econômico e de controle fiscal, que, pelos debates de hoje, podem ser vistas como de elevado risco.

A independência do Banco Central, indubitável condição para eficiência, vem sendo diariamente atacada pelas autoridades governamentais, cenário agravado pelo delicado ambiente político-econômico de início de governo e pelo leniente tratamento com o equilíbrio fiscal.

De forma inusitada, porém, o Banco americano de investimentos Goldman Sachs contestou o upgrade concedido pela agência S&P, baseado “na indefinição atual do arcabouço fiscal, na incerteza da reforma tributária e nas recentes deteriorações das políticas microeconômicas e do ambiente regulatório”.

De acordo com o Banco americano, somente a política monetária conduzida de forma independente pelo Banco Central “está fora do insuficiente padrão apresentado pelo atual mix de políticas macro e micro”.

Políticas atuais e consequentes perspectivas obstruem e podem ameaçar a construção de futuras conquistas, inviabilizando favoráveis ambientes econômicos.

 

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