A PRINCESA ISABEL E A MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA
Por Evaristo de Miranda*
Em 13 de maio, comemora-se a abolição da escravatura no Brasil, a assinatura da Lei Aurea pela Princesa Isabel. Ela foi uma das figuras femininas mais relevantes na história do país. Com D. Pedro II, ela é responsável, na origem, pela atual grandeza da agropecuária nacional.
Primeira mulher a administrar o Brasil, assumiu o trono várias vezes durante viagens ao exterior do Imperador. Primeira mulher senadora do país, entrou na história com a Lei do Ventre Livre. Organizou o movimento abolicionista. Em 1886, ela impediu a destruição do Quilombo do Leblon. Pagou do bolso a liberdade de cativos e libertou os últimos escravos de Petrópolis.
Em repetidas manifestações, a Princesa indicou como a vinda de trabalhadores da Europa fortaleceria o abolicionismo (fornecimento de mão de obra livre) e a cessão de terras a agricultores levaria a uma nova agricultura, ao lado das grandes propriedades de cana, café e pecuária.
Graça aos acordos de D. Pedro II com monarquias europeias (Espanha, Itália, Portugal, Alemanha e Rússia) e do Japão, por décadas, trabalhadores livres vieram substituir a mão de obra escrava em novas bases organizacionais, com perspectivas de capitalização. E agricultores imigrantes integraram-se a novas formas de acesso à terra nos projetos de colonização no Sul e Sudeste. Até a anarquistas, D. Pedro II entregou terras (Colônia Cecília).
Deu certo. Agricultores europeus e japoneses transformaram e construíram uma nova e moderna agricultura no Sul e Sudeste, completamente diferente das grandes fazendas tradicionais. Seus descendentes conquistaram o Centro Oeste, os cerrados, o Matopiba e até hoje expandem o agronegócio moderno e tecnificado pelo país.
O fim da escravatura no Brasil ocorreu 25 anos depois do EUA, sem guerra civil. E um século antes de ser abolida por leis na África, como na Mauritânia em 1981. O Barão de Cotegipe, escravocrata, advertiu: “A senhora acabou de redimir uma raça e perder o trono“. Vaticinando já o golpe militar da “proclamação da ré-pública”. A princesa Isabel rebateu: “Se mil tronos eu tivesse, mil tronos eu perderia para pôr fim à escravidão no Brasil“.
Hoje, gente odiosa e totalitária defende arrancar essas páginas da história, apagar a vida da Princesa, ocultar seus feitos e passar em branco a data do 13 de maio. Como se fosse possível retirar da história uma Lei chamada de Áurea.
Quem conhece a agropecuária brasileira sabe o quanto o seu sucesso e existência têm, na origem, a Princesa Isabel de Orléans e Bragança.