As eleições barrenses têm mostrado incomum desânimo do eleitorado, com ausência crescente nos pleitos municipais.
Nos últimos doze anos, a abstenção eleitoral em Barra do Piraí dobrou, evoluindo de 14%, em 2008, para 27% em 2020.
EVOLUÇÃO RECENTE DA ABSTENÇÃO ELEITORAL EM BARRA DO PIRAÍ
Para um município com 69.676 eleitores aptos (TRE-2020), a apatia deixou à margem do último pleito (2020) um contingente de 19.233 eleitores, quando o governante foi eleito com 21.424 votos. Portanto, o vencedor das eleições de 2020 foi escolha de 30% dos eleitores barrenses.
Diversas são as causas para o desinteresse do eleitor.
Provavelmente, a razão mais relevante esteja no descrédito que a política e os partidos vêm construindo pela falta de compromisso com ideias, pelo fisiologismo e pelas alianças espúrias, que terminam por depreciar o voto, mais importante instrumento da democracia.
Como inevitável consequência, danos são causados às eleições, que perdem significado para esse crescente conjunto de eleitores.
Em adição, a passividade política é também consequência da baixa escolaridade e da insuficiência de renda, que se unem à desconfiança na política e juntos pintam a participação nas eleições como perda de tempo.
Para piorar, sem perspectiva de crescimento econômico, o desalento contagia e se alastra como pandemia.
Definitivamente, a indiferença do eleitor é danosa a Barra do Piraí.
O pleito municipal de 2020 deixou voluntariamente de fora das eleições mais de ¼ dos eleitores barrenses, significativo contingente de votos que poderia ter alterado o resultado e/ou ter ampliado os compromissos do eleito, com ganhos para o município.
Sem ação contrária visando recuperar a representatividade política, a tendência é abstenção ainda mais elevada no pleito de 2024.
Luiz Bittencourt – Eng. Metalúrgico/UFF; M. of Eng./McGill University/Montreal/Canadá; Pós-graduado em Comércio Exterior/Universidade Mackenzie/SP; Consultor em Relações Institucionais.