ECONOMIA
Com Luiz Bittencourt e Hélio Mendes
ALERTA ADICIONAL PARA O COURO
Não há qualquer dúvida de que o mundo está mudando e refletindo significativas alterações nos valores e nos comportamentos das pessoas.
Entre as principais mudanças está o crescimento do Veganismo, ganhando aceleração, alicerçado em ganhos na saúde, controle do peso, contribuição à mudança climática, garantia do bem estar animal e agregando benefícios ao sabor.
A razão de seu sucesso está nas mídias sociais, transformando o cotidiano da alimentação e se consolidando como tendência universal.
Essa inovação, que corre o risco de se tornar disruptiva, vem provocando razoável desordem em setores vinculados, entre eles o setor produtor de couro, que vem sendo regular e injustificadamente hostilizado.
O mote para os ataques ao couro se relaciona com o bem estar animal, mesmo com a obviedade de não passar de sub-produto do abate animal.
O resultado tem sido desastroso para a indústria de couro, com perspectivas nada animadoras.
Considerando que a indústria curtidora brasileira investiu na produção de matéria-prima para a indústria automobilística, como alternativa ao direcionamento dos calçadistas para materiais alternativos, criou adicional preocupação a publicação, em 21 de janeiro de 2020, de um artigo na Revista Autocar, do Reino Unido.
Nessa análise, intitulada “How veganism is changing the car industry” o autor revela crescente apelo pelo total uso de material alternativo no interior de automóveis.
Conclui que, mesmo com a solicitação de Lewis Hamilton para a Mercedes-Benz substituir, por materiais alternativos, todo o interior de seus carros na Fórmula I e com progressivas aplicações de sucedâneos nos automóveis da Mercedes, Ferrari, Jaguar, Volvo, Ford, Land Rover, Tesla, Volkswagen, Bentley e Toyota, a demanda por couro ainda sobreviverá por algum tempo, porém materiais alternativos estão cada vez mais apreciados no mercado.
Fica evidente o fortalecimento da desconstrução da imagem do couro, orquestração executada com crescente sucesso, na medida em que vem, inquestionavelmente, deslocando o couro do mercado em geral.
Por outro lado, não resta dúvida que o couro ainda mantém, à duras penas, sua imagem de luxo, de conforto e de beleza onde for utilizado, conservando-se como objeto de desejo.
ATÉ QUANDO?
A resposta a essa pergunta depende da percepção da gravidade do cenário, do planejamento a ser executado, da qualidade e da intensidade das ações reativas às investidas, até agora não adequadamente refutadas.
O couro, pela força interior, está conseguindo, até agora e mesmo fragilizado, se manter vivo e atuante, porém o quadro atual revela indispensável e urgente utilização da inteligência nesse confronto.
Luiz Bittencourt – Eng. Metalúrgico/UFF; M. of Eng./McGill University/Montreal/Canadá; Pós-graduado em Comércio Exterior/Universidade Mackenzie/SP; Consultor em Relações Institucionais; Diretor da LASB Consultoria –[email protected]
Hélio Mendes – Professor e Consultor de Planejamento Estratégico, Gestão Quântica e Gestão nas áreas privada e pública – www.institutolatino.com.br