Duas manifestações ocorridas durante a Conferência sobre o Clima – COP28, organizada pelas Organizações das Nações Unidas – ONU e realizada em Dubai no início de dezembro, merecem especial atenção.
O Presidente da COP28, Sultão Ahmed Al–Jaber (Ministro da Indústria dos Emirados Árabes Unidos – país que participa com 9% das reservas de petróleo da OPEP, Head do Abu Dabi National Oil Company – ADNOC e Chairman da cidade Masdar) afirmou, com a autoridade de quem lidera o setor de petróleo, não haver ciência amparando o fim dos combustíveis fósseis para evitar o aquecimento global em até 1,5º C. Em que pese o desconforto gerado, a afirmação revela ousada ação de comunicação do setor de petróleo e demonstra determinada confiança na principal riqueza de seu país.
Do outro lado do debate, a estilista Stella McCartney, incansável desafeta do couro, organizou, sob patrocínio do poderoso grupo empresarial LVHM, exibição de produtos elaborados com materiais alternativos ao couro. Nessa empreitada, McCartney tentou confundir o couro animal, material natural e totalmente biodegradável, com o plástico, um dos materiais mais poluidores do planeta.
Não satisfeita em produzir confusão midiática, a estilista pediu aos líderes mundiais presentes a COP28 o estabelecimento de barreiras para a comercialização internacional de produtos de couro. Mesmo com base em questionáveis argumentos, o pleito se revela ameaçador à indústria global de couro (com reflexos na cadeia produtiva), pelo acesso direto aos líderes mundiais e pela visibilidade de sua criadora.
Entre as estratégias para desarmar falácias e esclarecer o consumidor sobre a sustentabilidade embarcada em todos os produtos da cadeia produtiva do boi está uma organizada e arrojada participação na próxima COP30, a ser realizada em Belém do Pará no período de 10 a 25 de novembro de 2025.
Há uma especial sinalização no fato de o estado do Pará sediar o evento, tendo uma economia protagonizada pela agropecuária e abrigando o segundo maior rebanho bovino do país, com cerca de 11% de participação.
País possuidor de um dos maiores rebanhos bovinos (234 milhões de cabeças), sendo um dos maiores processadores e exportadores de proteína animal, o Brasil, ao sediar a COP30, colocará à disposição da cadeia do boi um evento global de extraordinária visibilidade, rara oportunidade para expor seus conceitos, divulgar sua magnitude e manifestar, com todas as letras, a sua real contribuição para a sustentabilidade do planeta.
SUGESTÃO DE LEITURA