ECONOMIA
Com Hélio Mendes e Luiz Bittencourt
DESTRUIDORA MENTIRA AMBIENTALISTA
Há décadas a indústria curtidora internacional não se defronta com uma crise tão devastadora.
Articulada confluência de atores vem promovendo surpreendente coalisão de atitudes que atormenta e desafia as empresas processadoras de couro a demonstrar resiliência e a responder, com veemência, aos infundados comportamentos agressivos que criam e alimentam o inferno astral que tortura o setor.
A desconfortável história começa com o elevado nível de competição alcançado pelos materiais alternativos que investiram em P&D, desenvolveram-se tecnologicamente e hoje colhem frutos anteriormente inimagináveis.
Esse embate tornou-se acirrado e, mesmo incomodando, convoca a indústria curtidora para o confronto comercial. Difícil, mas estimulante.
O que vem causando descontrolado desequilíbrio ao negócio couro é a ação orquestrada por ambientalistas que, sem alicerce ecológico, unidos por uma imaginária causa e em uníssono, insistem em relacionar a obtenção da pele animal com a necessidade do abate, com o aquecimento do planeta e com os desmatamentos florestais.
Estamos diante de uma falsa interpretação que, deliberadamente repetida ao extremo, deformou o entendimento do consumidor sobre a matéria-prima couro. Não fosse a distorção da essência, essa agressão tangenciaria a atividade comercial, porém a ação se dirige diretamente a imagem do produto, desfigurando-a na consciência do comprador. Convencido de sua decisão, o consumidor não hesita em desistir do couro e escolher a matéria-prima alternativa.
Consequentemente, a participação do couro no mercado internacional não mais depende de seu poder de competição, alijada que foi do principal circuito, e ficou limitada, por exemplo, aos consumidores sem preocupação ecológica ou ao nicho de altíssimo luxo que ainda deseja o glamour que só o couro pode oferecer.
A constatação desse novo e doloroso cenário se, por um lado constrange (e em certa dose, desencoraja), por outro pode ser utilizada para uma planejada reconquista de mercado, iniciando-a pela conscientização do consumidor sobre a verdadeira e relevante participação do couro no desenvolvimento ambiental, divulgando, à exaustão e com foco na ponta da cadeia, não só a extraordinária componente de reciclagem, historicamente incorporada ao seu processamento, como também a falsa base utilizada pelos ambientalistas.
O público comprador não sabe (porque não foi informado) que o couro é cientificamente reconhecido como solução para o controle ambiental.
Essa tenebrosa fase pode se tornar temporária se os potenciais consumidores de couro forem convenientemente alertados para suas saudáveis e verdadeiras características e sobre seus incomparáveis atributos. Todavia, o estrago já está consumado, restando contabilizá-lo e enfrentar as injúrias em tom e altura adequados.
Ouvir fraudulentas investidas sem responder e sem orientar o consumidor é injustificável omissão, cuja manutenção em nada contribui para a recuperação do setor.
Hélio Mendes – Consultor empresarial e governamental – www.institutolatino.com
Luiz Bittencourt – Engenheiro Metalúrgico, UFF/RJ; Master ofEngineering, McGill University/Montreal/Canadá; Pós-graduado em Comércio Exterior, UniversidadeMackenzie/SP – [email protected]
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