Levantamento recentemente realizado pelo IBGE mostra significativo desequilíbrio na distribuição populacional de Barra do Piraí. 71% dos barrenses vivem na região central do município, enquanto 16% estão na Califórnia, 5% em Vargem Alegre, 5% em Ipiabas, 2% em Dorândia e 1% em São José do Turvo.
A foto do compartilhamento é emblemática, por algumas importantes sinalizações. Mostra, por exemplo, desproporcional atração exercida pelo Distrito da Califórnia, provavelmente baseada no poder econômico, na melhor qualidade dos serviços públicos e nas oportunidades ofertadas por Volta Redonda.
Mostra, ainda, baixa atratividade dos outros distritos barrenses se contrapondo ao elevado vínculo com a sede administrativa do município. Há que se considerar, porém, que, sem a orientação de políticas públicas, a concentração urbana ao redor do centro da cidade pode estar ocorrendo sob desordenada ocupação do solo, admitindo riscos, insegurança e potenciais dificuldades. Considere-se, também, que a disparidade entre as densidades populacionais nos diversos distritos pode acentuar os desníveis de progresso, impactando despesas e investimentos.
Por outro lado, em 1970, a população barrense oscilava ao redor de 59 mil habitantes. Meio século após, em 2022, Barra do Piraí possuía cerca de 93 mil habitantes, registrando crescimento de 57% no período. Provavelmente, o número de automóveis circulando pelo centro da cidade mais do que dobrou, enquanto a infraestrutura da região não recebeu proporcional adequação.
Vários são os fatores atuando no processo decisório e não há receita para as escolhas. Há quem entenda o adensamento como essencial para o desenvolvimento econômico de determinada região. Outros, entretanto, entendem a compactação como produtora de barulho, poluição e desafios, enfrentados pela adequação da infraestrutura (rodovias e ferrovias) e pelo acesso a meios de transportes como instrumentos para progresso e qualidade de vida.
A existência de localidades dispersas de baixa densidade populacional, como os distritos de Barra do Piraí, pode impactar custos, pois maior densidade habitacional significa menores custos de infraestrutura, de manutenção de serviços e de deslocamentos de automóveis.
Distribuição populacional, adensamento urbano e organizada ocupação do solo surgem como temas relevantes para o debate eleitoral, não somente pela análise do diagnóstico municipal, como também pela possível intenção dos candidatos em impulsionar economicamente os distritos e estabelecer desenvolvimento urbano sustentável.
Por Luiz Bittencourt|Revista Diária
Luiz Bittencourt – Eng. Metalúrgico/UFF; M. of Eng./McGill University/Montreal/Canadá; Pós-graduado em Comércio Exterior/Universidade Mackenzie/SP; Consultor em Relações Institucionais.
