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EMBAIXADOR BRASILEIRO RESPONDE AO LE MONDE

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INTERNACIONAL

RESPOSTA AO OFENSIVO EDITORIAL DO LE MONDE

Alternância de poder é a mágica da democracia cantada em verso e prosa por todos os políticos. Quando ela ocorre, há incrível dificuldade em ser aceita, especialmente pelos políticos de esquerda.

Esse estorvo incomoda, e muito, a imprensa reconhecidamente alinhada com a ideologia da esquerda que, como os políticos, não aceita, em hipótese alguma, o revezamento.

Consternada com a vitória da direita no Brasil, assim como nos EUA, a imprensa internacional se esmera em sofismar e ofender países e governantes que não comungam de sua ideologia.

Assim foi o editorial “Le Brésil – La dangereuse fuite en avant de Bolsonaro”, do jornal Le Monde, desinformando de tal forma o leitor sobre o governo brasileiro que foi objeto de imediata e restauradora resposta por parte do Embaixador do Brasil na França, Luís Fernando Serra.

Abaixo a reprodução da histórica carta do Embaixador brasileiro ao Le Monde.

EMBAIXADA DO BRASIL AMBASSADE DU BRESIL 

Luc Bronner Diretor da Redação Le Monde

Paris, 19 de maio de 2020

Senhor Diretor,

Como leitor assíduo de seu jornal, li com indignação, mas sem surpresa, o artigo intitulado “Le Brésil – La dangereuse fuite en avant de Bolsonaro”. Todo o editorial é profundamente ofensivo tanto ao Brasil, onde um “teatro do absurdo” ter-se-ia instalado, como à biografia e às convicções de um Presidente que foi eleito por cerca de 58 milhões de brasileiros. Com a devida vênia, vou deter-me na análise de algumas das numerosas incorreções desse texto.

Uma das maiores é decerto a tese da negação. O Presidente Bolsonaro nunca negou a existência da COVID-19. O que fez, desde o início da crise sanitária, foi tentar evitar que a histeria ou o pânico tomassem conta da população. Nesse contexto, o Presidente Bolsonaro sempre sustentou exatamente o que o conselheiro do Institut Montaigne, Dominique Moise, defendeu nas mesmas páginas de seu prestigioso jornal, em x/y, isto é que, em economias onde a maioria da população vive do pão de cada dia, a fome que o confinamento acaba por causar mata mais rapidamente do que a pandemia.

Cônscio dessa particularidade sócio-econômica, o Presidente Bolsonaro preconizou que a população voltasse ao trabalho e que permanecessem em quarentena apenas aquelas pessoas pertencentes a grupos de risco, naquilo que se conveio chamar de confinamento seletivo ou vertical. Como brasileiro e como Embaixador, sonho com o dia em que esse jornal tratará um Presidente do Brasil que não é de esquerda com a consideração e o respeito que foram dedicados ao Professor Moíse.

Outra extraordinária imprecisão desse editorial é acusar o Presidente Bolsonaro de ter “politizado” a crise sanitária. O fato inegável é que a politização da pandemia foi comandada pelos governadores que fazem oposição ao Presidente Bolsonaro e que viram no confinamento estrito, imposto de forma às vezes brutal, a oportunidade de derrubar os excelentes indicadores econômicos que a administração Bolsonaro apresentou em 2019, tais como inflação reduzida a 3%, contra 15% em 2015; juros de 5%, contra 14 % em 2015; crescimento do PIB de 0,8% contra 3,8% negativos em 2015; risco-país de 117 pontos contra 533 em 2015; índice da bolsa de São Paulo a 108 mil pontos contra 38 mil pontos em 2015.

O cálculo político desses governadores salta aos olhos: a única chance de Bolsonaro não ser reeleito em 2022 é justamente desestabilizá-lo para impedir que seu êxito de 2019 se repita nos anos seguintes.

Vale notar que, assim como a Suécia, que não praticou o confinamento e tem menos óbitos por milhão de habitantes do que outros países europeus que o efetuaram, no Brasil, os estados que registraram mais mortes são os que com mais rigor aplicaram o confinamento.

De resto, em 14 de maio corrente, o Brasil, que tem a quinta maior população do mundo, tinha 61,86 óbitos por milhão de habitantes, doze vezes menos do que a Bélgica, a primeira dessa classificação. Outro erro que merece reparo é o de afirmar que o Presidente Bolsonaro espera que “os efeitos devastadores da crise serão atribuídos a seus opositores”.

A lógica dessa frase não se sustenta em pé. Com efeito, o Presidente Bolsonaro será o maior prejudicado se não se consolidarem as vitórias colhidas em 2019, que acima elenquei, e é justamente esse o objetivo de seus opositores. Não é mera coincidência que os governadores que fazem oposição aberta ao Presidente Bolsonaro sejam os maiores adeptos do confinamento total, pois sabem eles que, assim como na França, quinze dias de confinamento no Brasil significam 1,5% de retração do PIB.

Um país que, graças às boas políticas que Bolsonaro pôs em prática, voltou a crescer, com criação de emprego ( um milhão em 2019) e inflação sob controle é tudo o que os opositores do Presidente não desejam.

Por último, vou deter-me na “tentação autoritária” que o jornal atribui ao Presidente Bolsonaro. Gostaria, nesse particular, que o senhor me apontasse um único juiz ou político preso, um único jornalista perseguido, um único jornal censurado em apoio da hipótese sobre a suposta inclinação do Presidente Bolsonaro pelo poder discricionário.

Como o próprio editorial diz a respeito dos populistas, “de tanto enganar com os fatos”, Le Monde vai acabar por acreditar que são verdadeiras as ficções que cria. Como símbolo da imprensa livre, Le Monde sempre soube reconhecer no direito de resposta um dos pilares da democracia. Assim, eu lhe seria muito grato se honrasse essa gloriosa tradição publicando esta resposta às imprecisões e inexatidões que abundam em seu editorial.

Queira aceitar, Senhor Diretor, as expressões de minha distinta consideração.

Luís Fernando Serra
Embaixador do Brasil na França


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