OPINIÃO
Environmental, Social, and Governance – ESG é um movimento criado no início desse século, mais especificamente em 2004, com a publicação do relatório “Who cares wins”, do Pacto Global das Nações Unidas e do Banco Mundial, que, entre outras, desafiava grandes instituições a integrar fatores sociais, ambientais e de governança.
Nascia, então, uma estruturada tentativa de associar resultados (competitividade e lucratividade) a práticas sociais, deslocando o foco da performance para propósitos. Ancorado substancialmente na agenda woke, onde ideologia supera retornos de investimentos, ESG sugeria impulsionamento dos ganhos de investidores com a imposição da relação.
Em vinte anos a fábula se desgastou, o marketing começou a dar sinais de esgotamento, o mercado reagiu e alguns episódios marcaram indelevelmente o movimento. As perdas acima de US$ 1 bilhão da Bud Light revelaram que consumidor não é discípulo e que não negocia seus valores. Ao não compactuar com causas fabricadas, o consumidor rejeita e migra.
Um dos mais relevantes indicadores da perda de significância desse movimento foi a pauta do World Economic Forum de 2025 em Davos, onde a maior parte da elite das grandes indústrias evitou debates sobre ESG. O objetivo dos investimentos retorna, portanto, aos resultados financeiros, não significando, por exemplo, negligências com compliance ou com assistência social. Contudo, sob claro e bem definido entendimento do que é responsabilidade social e diferenciando compliance de ideologia.
Lá em 1970, Milton Friedman já definia que a única responsabilidade social de uma empresa é maximizar lucros para os acionistas, jogando limpo. Provavelmente por isso, várias empresas renunciaram ao marketing ESG e conquistaram êxito exclusivamente por suas performances.
Sem dúvida, o ceticismo do mercado e os riscos cada vez mais elevados de “greenwashing” promovem desconfiança e turbulências nas preferências de investidores, questionando os benefícios do movimento ESG. E não poderia ser diferente. Não é tarefa de qualquer empresa assumir missões do estado. Quando empresas decidem interferir nas vidas privadas, o resultado não pode ser bom.
Mesmo não agonizante, o ESG perdeu apelo e definha sem visão clara de futuro. Contudo, em havendo ou não funeral, certamente é possível prever o início de uma fase mais pragmática, mais produtiva dos negócios e da sociedade.
