ARTIGO
Análise Setorial: Estratégias Competitivas Essenciais para o Setor do Couro no Brasil
A indústria brasileira de couro, historicamente ligada à reciclagem, enfrenta o desafio da exportação de matérias-primas em vez de produtos acabados devido à falta de políticas adequadas. Analisando a situação através do modelo das cinco forças de Porter, identificam-se pontos críticos como a forte poder de negociação dos frigoríficos, que controlam as cadeias de carne e couro, e o poder de compra significativo dos clientes internos. Internacionalmente, os frigoríficos enfraquecem os curtumes nacionais ao operar diretamente no exterior.
A entrada de novos competidores é limitada pela alta concentração de mercado e pela falta de apoio governamental, enquanto a rivalidade interna é afetada pela redução de curtumes, principalmente em Minas Gerais. A ameaça de substitutos, como o couro sintético e o “couro ecológico”, cresce devido à sua fácil produção e marketing atrativo.
Para revitalizar o setor, recomenda-se criar uma estrutura de lobby para combater regulamentações prejudiciais, promover a diversificação e a competição, incentivar os pecuaristas que investem em qualidade, e elaborar um plano robusto de exportações que valorize o couro brasileiro como produto de alto valor agregado. Uma mudança estratégica é crucial para superar esses desafios e aproveitar oportunidades globais, apoiando-se nas capacidades do Centro das Indústrias de Curtume do Brasil (CICB) para guiar o setor nesta transformação.
Considerando que o Brasil possui um dos maiores rebanhos do mundo, uma escola modelo de curtimento no Rio Grande do Sul, e oferece um produto nobre, é surpreendente que ainda não seja competitivo. Apesar de o setor da pecuária fornecer couro de qualidade, ele não está sendo devidamente valorizado. É crucial investigar os fatores além da falta de apoio governamental que estão contribuindo para o encolhimento de um setor tão vital para o país como o dos curtumes.