A história moderna do agronegócio brasileiro teve início nos anos 70, baseada na percepção de que o quinto país do mundo em extensão territorial teria robusto e consistente potencial para o agronegócio. Surgiu então a Embrapa, empresa de absoluto sucesso estratégico, alicerçando o setor no conhecimento e estimulando sua constante atualização tecnológica.
Duas décadas mais tarde iniciou-se o processo de globalização, contribuindo com conceitos de complexos industriais e apresentando o setor à internacionalização (carne e grãos), criando o turning point que transformou o país em protagonista na segurança alimentar.
O êxito do agronegócio brasileiro é case exemplar e foi construído pela união da pesquisa agropecuária com o empreendedorismo do setor. Como consequência, o Brasil se tornou o quarto maior produtor de grãos, participando com 8% do volume total, seguindo EUA e China, cada um com participação de 19% e Índia com 9%. É ainda o Brasil o segundo maior exportador de grãos, com 19% do volume total, atrás somente dos EUA que detém 21% do mercado internacional.
Neste quarto de século, as exportações do agronegócio brasileiro cresceram 412%, ancorando as exportações nacionais que cresceram 435% no período.
Desde 1997, as exportações do agronegócio vêm mantendo, com eventuais oscilações decorrentes de ajuste do mercado e do ambiente econômico internacional, sua participação em torno de 43% nas exportações brasileiras. Em 2021, a China participou em 34% das exportações brasileiras do agronegócio, deixando a União Europeia em segundo lugar, com 15%.
EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS E DO AGRONEGÓCIO – 1997 a 2021
US$ milhões
Fonte: Comexstat/ME
Em 2021, a recuperação econômica pós pandemia de importantes economias mundiais, como EUA, China e países da União Europeia, promoveu elevação nos preços dos produtos agrícolas, sustentando o crescimento no faturamento das exportações do agro brasileiro.
Relevantes contribuições de diversos setores vem construindo o sucesso do agronegócio, como por exemplo a pecuária. O rebanho bovino nacional vem crescendo, atingindo 218 milhões de cabeças (ultrapassando a população brasileira estimada em 214 milhões), estimulado pelo aumento das exportações de carne e pela alta nos preços do boi gordo e do bezerro.
EVOLUÇÃO DO REBANHO E DOS ABATES DE BOVINOS
Milhões de cabeças
Fonte: IBGE
Nesses 25 anos, o rebanho bovino brasileiro cresceu 35% e os abates dobraram, sendo mantidos, na maior parte do período, ao redor de 15% do rebanho. A redução ocorrida em 2021 resulta da retenção de fêmeas para recomposição.
EVOLUÇÃO DOS ABATES DE BOVINOS
Milhões de cabeças e %
Fonte: IBGE
Segundo análise do Centro de Inteligência da Carne – CiCarne, é alta a probabilidade de que, em 2040, o consumo doméstico de carne bovina represente menos de 50% da produção nacional e provoque competição entre os mercados interno e externo. A perspectiva da demanda interna, sugere aumento dos abates e da qualidade da carne bovina brasileira.
O crescimento da participação da carne bovina brasileira no mercado internacional tem produzido excelentes resultados para o segmento, alcançando seu recorde em 2019, com faturamento de US$ 15,3 bilhões. O advento da pandemia reduziu significativamente a demanda, porém os processos de recuperação econômica estão regenerando os negócios ao patamar pré-pandemia.
EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES DE CARNE BOVINA
US$ milhões
Fonte: ABIEC
O desempenho da internacionalização da carne brasileira tem sido extraordinário nesses 25 anos. As importações de carne bovina brasileira pela China e pelos EUA cresceram, cada uma, cerca de 1.400%, no período, e a China se mantém representando o quíntuplo das importações dos EUA.
DESTINOS SELECIONADOS DE EXPORTAÇÕES DE CARNE BOVINA
US$ milhões
Fonte: ABIEC
Resultados do primeiro bimestre de 2022 sinalizam tendência de alta nas exportações do agronegócio, com exportações de carne bovina aumentando 62% e de frango crescendo 34%, ambas em faturamento.
Perspectivas de mercado para a próxima década revelam a manutenção da China como principal parceiro, da soja como liderança do agro nacional, com possibilidade de participação do mercado internacional na faixa de 62% e, ainda, crescimento no protagonismo das carnes bovina, suína e de frango.
Agro não para de crescer.
Luiz Bittencourt – Eng. Metalúrgico/UFF; M. of Eng./McGill University/Montreal/Canadá; Pós-graduado em Comércio Exterior/Universidade Mackenzie/SP; Consultor em Relações Institucionais; Diretor da LASB Consultoria – [email protected]