O imbróglio ocorrido ontem à tarde na partida de futebol, pela Liga dos Campeões, entre os clubes PSG e Istambul, na Turquia, expõe preocupante e exacerbado nível de intolerância.
O fato: o quarto árbitro da partida, nos limites de sua função, ao indicar para o árbitro principal um infrator (insultou o árbitro) que se encontrava no banco dos reservas de um dos clubes, usou a expressão “aquele negro”.
Contextualizando: o conjunto de pessoas que se encontrava no banco de reservas utilizava idênticos uniformes e o quarto árbitro não conhecia o infrator.
Portanto, se o infrator fosse Pelé, Messi ou Cristiano Ronaldo, o quarto árbitro o indicaria pelo nome. Se o conjunto estivesse em roupas distintas, a referência seria a roupa.
Como a referência utilizada foi a cor da pele, o infrator se insurgiu e questionou o quarto árbitro sobre ter sido chamado de “negro”. A resposta seria óbvia, mas chama atenção a radical insurgência do infrator, revelando que o negro não aceita ser chamado de negro, como se a constatação lhe causasse intolerável desconforto.
Certamente, se o conjunto de pessoas no banco de reservas fosse composto por negros e o infrator fosse branco, ao ser indicado como “aquele branco”, nada de anormal teria acontecido.
Por outro lado, o ostensivo questionamento, em partida transmitida pela TV, teria a garantia de total apoio da mídia, com repercussão e holofotes por todo o planeta.
O cenário que nos é oferecido mostra que a estratégia “dividir para governar” está fomentando uma sociedade baseada em mentiras e falsidades, gerando lucrativas animosidades entre os seres humanos. Políticos, à caça de votos e recursos financeiros, e mídia, amparada na desinformação e dependente de recursos oficiais, ambos trajando antolhos do kit gramsciano, alimentam a distorção conceitual que desvirtua valores e fragiliza a humanidade.
Estamos nos aproximando da fronteira e é preciso restaurar o ambiente construído sobre verdades, resgatando princípios e onde todos são tratados com respeito e igualdade, tanto de direitos, quanto de deveres.