Os setores empresariais e o próprio governo brasileiro, ao contrário dos principais países, têm olhado mais para o espelho do que pela janela, ou seja, têm-se dedicado a olhar mais para dentro do País – e muito pouco para fora.
Agindo dessa forma, estão criando obstáculos, focando a política interna e nada da externa. As principais mídias passaram a criar discórdia, quando o momento exige união. Há mais fofocas do que informações.
Quando olhamos pela janela, é possível notar que o espaço mundial está em um processo de mudanças como nunca esteve. Temos um mundo mais interligado, conectado. A globalização, iniciada no século XV com as navegações, ganhou outro formato há pouco tempo, a partir da década de 1990. É no cenário externo que devemos nos concentrar e, internamente, buscar a união em torno de um projeto de Nação.
Notamos serem raros os que abraçam essa ideia. Destacamos os Institutos Sagres, General Villas Bôas e Federalista, os quais finalizaram recentemente o primeiro projeto dessa natureza da nossa história.
Vivenciamos hoje um novo ordenamento mundial, a economia passou de bipolar para multipolar. É importante constatar que já somos um centro de poder: somos a maior nação da América do Sul em todos os sentidos, a segurança alimentar do mundo depende do Brasil… mas, poucos são os brasileiros que entendem o que está acontecendo. Algumas nações e instituições internacionais procuram desqualificar o Brasil. Isso não podemos aceitar. É essencial começar a olhar menos para o espelho e mais pela janela.
Há nesse cenário algo mais para nos preocupar. A invasão da Ucrânia e a Covid criaram uma dinâmica no espaço mundial, a “desglobalização”, que altera o formato dos planejamento nacionais. Some-se ao contexto o fato de que a nossa classe política está em um túnel e percebe no final dele apenas a eleição, e não o País. E que parte significativa da imprensa vem agindo de forma partidária.
Temos motivos para acreditar que o Brasil neste momento tem mais a ganhar do que a perder, se entender as mudanças em curso.
Hélio Mendes – Consultor de Estratégia e Gestão, professor da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, com curso de Negociação pela University of Michigan, Gestão Estratégica pela University of Copenhagen e Fundamentos Estratégicos pela University of Virginia. [email protected] – www.institutolatino.com.br