Este novo mundo criado pelas redes sociais mudou para melhor algumas atividades – e outras, para pior. Exemplo das que sofreram consideravelmente são as campanhas eleitorais.
Por que aconteceu? Por vários motivos. Destaque para o que elencamos como o principal: as faculdades de Marketing e Comunicação não formam profissionais de marketing político. Raras são as que dão ênfase à política. Com isso, os formandos tratam os candidatos como produtos, um grave erro, já que uma campanha política é bem diferente.
Outro fator: os antigamente denominados “marqueteiros”, que no século passado entendiam muito de campanhas, viraram dinossauros. Depois das redes sociais, estão perdidos, fato agravado pela facilidade de desconstrução violenta permitida nessas mídias, a qual torna as eleições imprevisíveis.
Além disso, existe um problema já enfrentado pelas empresas tradicionais há algum tempo: passar da categoria de lineares para a de exponenciais. Essa questão, para complicar, chegou também às campanhas políticas, ou seja, o longo prazo foi substituído pelo curtíssimo, a correção do que foi planejado tem de ser realizada em tempo real.
Essa transformação não é para amadores, requer um tipo de profissional pouco visto no mercado. Por se tratar de algo novo, ser doutor em Tecnologia de Informações ou em Marketing não é suficiente. É necessário entender de Psicologia das Multidões, em que cada grupo tem valores diferentes. Não se trata de demandas. E a luta pelo poder é maquiavélica.
Há um paradoxo: as boas e novas tecnologias vêm facilitando a eleição dos piores, e não dos melhores, porque é mais fácil convencer e desconstruir com mentiras do que com verdades – o que beneficia os maus candidatos.
Hélio Mendes – Consultor de Estratégia e Gestão, professor da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, com curso de Negociação pela University of Michigan, Gestão Estratégica pela University of Copenhagen e Fundamentos Estratégicos pela University of Virginia. [email protected] – www.institutolatino.com.br