MUDANÇAS NAS CAMPANHAS POLÍTICAS
Podemos considerar dois marcos nos últimos anos, na história do marketing político. No Brasil, a campanha de 1989, na qual Collor, candidato a presidente por um partido novo, de um pequeno Estado da Federação, venceu as principais lideranças, sem apoio de governadores estaduais, utilizando a figura dos marajás. Não foi nenhuma mágica, apenas substituiu o modelo tradicional por algo que já estava sendo utilizado nas empresas há bastante tempo. E, nas recentes eleições americanas, surgiu com força total a utilização das redes sociais na campanha de Obama, e depois na de Trump, à presidência dos Estados Unidos. Houve até interferência externa, com capacidade de construir e desconstruir candidatos e seus programas – o que nós podemos considerar como o segundo marco do marketing político.
Mas o problema não fica só nas campanhas. Após a posse, os governos, que haviam exagerado nas promessas, ou encontraram uma situação diferente da que imaginavam, começam a perder a confiabilidade nos primeiros meses. Tudo, ainda com direito a processos e calúnias, em razão das informações verdadeiras e das falsas, as denominadas “fake news”, que chegam a 70%, do que existe nas redes.
A cada eleição, as campanhas tradicionais perdem sua força. O antigo “feeling” ainda tem seu valor, mas não há mais como fazer uma campanha sem pesquisas, e estas a cada dia tomam novos formatos. A população vem atuando de modo diferente na hora de responder. Mesmo os mais conceituados institutos do mundo têm errado no resultado das eleições. Mas a pesquisa ainda é a principal ferramenta para tomar decisões e acompanhar uma campanha.
Algo positivo que tivemos a oportunidade de presenciar, quando se trata de redes sociais: a terceira idade recorre aos netos para falar sobre os candidatos. Inversão de valores, pois antes os mais idosos definiam em quem os mais novos deveriam votar. Essa geração intitulada “Millenium”, que vive conectada, utiliza informações online – e como informação é poder, está dominando as discussões e terá grande influência nesta eleição, assim como tem influenciado a compra de bens e serviços de toda natureza.
Algumas figuras históricas perdem mais e mais espaço. Os pseudomarqueteiros, estes dividimos em dois grupos: os que vivenciam a política só no período eleitoral e tratam os candidatos como produtos; e os que tratam a política como jogo de “espertezas”. Têm ganhado eleições, mas no final deixam os candidatos em grande dificuldade. A maior causa desses desgastes é que a mídia mais importante hoje, as redes, exige competência para gerar algo que nasce de demandas reais, que é tratado como conteúdo. O que não tem conteúdo na rede, não tem sustentabilidade. Porque o que entra na rede não sai e se multiplica, não é possível controlar quem vai usar e como vai usar.
A previsão é que as eleições exigirão cada vez mais qualidade, dos candidatos e de todos os envolvidos; campanhas e candidatos com princípios e valores, com programas factíveis; relacionamento mais intenso com a população. Entretanto, algo ainda não está muito claro… os meios já começaram a mudar; o que não percebemos é como ficará o modelo “representação”, no qual se elegem representantes que, a cada ano, têm representado menos aqueles que os colocam no cargo.
Algo é certo: a população, e principalmente a classe empresarial, está mais consciente de que não pode mais deixar a prática política apenas para os políticos.