ECONOMIA
Com Hélio Mendes e Luiz Bittencourt
Hélio Mendes Luiz Bittencourt
INOVAR OU MORRER
Viraliza nas redes sociais um vídeo denunciando drástica ação, ocorrida na Argentina, de descarte de um caminhão repleto de couros verdes.
Evento dessa dramaticidade representa o fim da linha da complacência com a injustificável e vil censura à matéria-prima couro.
A indignação deve prevalecer no setor, alimentando e energizando respostas que efetivamente recuperem a imagem do couro.
Certamente, a indústria curtidora, independente de nacionalidade, se utilizou, em passado não muito recente, do Planejamento Estratégico e se valeu de conceitos emitidos por Michael Porter e outros, de Análise Setorial, Matriz de Valor e diversos instrumentos de avaliação, para identificar, de forma organizada, seu futuro. Todos os modelos, indistintamente, consideram novos entrantes, sucedâneos, concorrentes, clientes, fornecedores e estratégias competitivas globais.
Parece que as consequentes orientações não receberam a devida atenção, provavelmente pela cultura conservadora predominante no agronegócio, permitindo que o cenário evoluísse para uma alteração disruptiva, tardiamente detectada.
O resultado é o forte e desastroso impacto na indústria do couro que passa pelo constrangimento de assistir sua matéria-prima sendo jogada no lixo.
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Sabemos que nenhum segmento industrial está imune, na concorrência global, de se defrontar com práticas nem sempre republicanas, fato historicamente rotineiro nas áreas política e empresarial.
Como exemplo recente, tem-se a utilização, de forma distorcida, das questões ambientais para vencer disputas pelo mercado.
Parece que a arte da guerra ainda não foi apresentada a muitos setores.
Por outro lado, olhar crítico intra-setorial revela que a indústria curtidora privilegiou a produção e a comercialização, em detrimento da inovação e, por esse motivo, esqueceu-se da necessária atitude proativa aceitando passivamente que o couro fosse comprado, e não vendido.
Preocupada em se manter na zona de conforto, foi incapaz de inferir que o consumidor, voluntariamente ou persuadido, mudava seus hábitos passando a optar por produtos descartáveis e de baixo custo.
Essa análise tenta sumarizar a gênese da crise que erode o setor de couro e está a exigir organização para enfrentá-la convenientemente.
Lembremo-nos que para confrontar uma investida orquestrada e global, resposta fragmentada e regional peca por insuficiência e consequente ineficácia.
O tempo não para e a alternativa que se apresenta é a imediata instituição de um Comitê de Crise para avaliar e definir estratégia competitiva global, com ênfase na inovação e na reinvenção do setor.
De outra forma, nenhum confiável futuro estará disponível para o setor curtidor.
Hélio Mendes – Professor e Consultor de Planejamento Estratégico, Gestão Quântica e Gestão nas áreas privada e pública – www.institutolatino.com.br
Luiz Bittencourt – Eng. Metalúrgico/UFF; M. of Eng./McGill University/Montreal/Canadá; Pós-graduado em Comércio Exterior/Universidade Mackenzie/SP; Consultor em Relações Institucionais; Diretor da LASB Consultoria [email protected]
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