Semana passada, utilizei esse espaço enaltecendo os atributos que Mangaratiba possui para ancorar seu desenvolvimento econômico e social. Retorno, hoje, para lembrar que, sem gestão ativa e capacitada, atributos, por mais positivos que sejam, se anulam e até o retrocesso pode se instalar.
Esse é o caso, por exemplo, da Rua Ângelo Ferro, em Ibicuí, Distrito de Mangaratiba.
Rua estritamente residencial, a Rua Ângelo Ferro era, até pouco tempo, conhecida pela paz e tranquilidade que transmitia. Hoje, é um transtorno e caminha a passos largos para se transformar em gueto, por conta exclusiva da falta de fiscalização do poder público.
Nos fins de semana e nos períodos de férias, alguns veranistas insistem em obrigar seus vizinhos a escutarem, durante todo o dia, músicas invariavelmente em decibéis muito acima do permitido em legislação nacional. A Rua se torna palco de ilegal competição musical.
Quando chega a noite, a partir das 20/21 horas, alguns veranistas iniciam rodadas de karaokê, também em decibéis que ultrapassam em muito o permitido pela legislação nacional, e se estendem até às 4/5 horas da madrugada. O desrespeito é gritante, como fazem em suas sessões de karaokê.
Não resta dúvida de que diversão é sempre saudável, desde que dentro dos limites da legislação e mantendo o respeito aos semelhantes.
Quando o cidadão mangaratibense tenta se proteger e telefona para a PM solicitando fiscalização e cumprimento da legislação, a resposta o orienta a fazer um BO, ou o nome que tiver, sem a garantia de promover imediata fiscalização. Burocracia a serviço da impunidade.
Com órgão estadual inoperante e sem qualquer instituição municipal que o proteja, o cidadão mangaratibense, que produz no município e nele paga seus impostos, se vê completamente desamparado.
Enquanto isso, ao perder sua atrativa característica, a desvalorização imobiliária cresce avassaladoramente na Rua, exatamente como em todo o município.
Esse não é um caso isolado, mas personaliza o descaso que impera em Mangaratiba.
O mangaratibense está, literalmente, abandonado.
Luiz Bittencourt – Eng. Metalúrgico/UFF; M. of Eng./McGill University/Montreal/Canadá; Pós-graduado em Comércio Exterior/Universidade Mackenzie/SP; Consultor em Relações Institucionais.