Durante o Fórum Econômico Mundial realizado na última semana de maio passado em Davos, Suíça, o Fundo Monetário Internacional – FMI emitiu alerta aos líderes políticos, financeiros e empresariais do planeta, presentes no evento, a respeito de uma iminente crise econômica global que tem tudo para alcançar surpreendentes proporções.
O transtorno identificado pelo FMI é resultado de uma conjunção de vários fatores: pandemia; guerra da Ucrânia; altos preços de energia e de alimentos com respectivos impactos na inflação; volatilidade nos mercados financeiros e mudanças climáticas que contribuem para o que o FMI chama de “confluência de calamidades”, fenômeno que eleva o risco de fragmentação geoeconômica, minando as forças de integração que proporcionaram fluxo de capital, bens, tecnologia, pessoas, serviços e transformaram o planeta nas últimas três décadas.
A possível desintegração representará elevados custos, entre outros, para reconfigurar cadeias de suprimento e ultrapassar as novas barreiras para investimentos, criando sérias dificuldades para países em desenvolvimento.
Para recuperar a confiança no sistema de integração global, o FMI recomenda fortalecimento do comércio internacional pela redução de barreiras comerciais e pela diversificação das exportações/importações.
A crise na segurança alimentar, iniciada antes da guerra da Ucrânia, tem estimulado protecionismo com chance de migrar para uma indesejável guerra comercial. Indonésia, maior exportador de óleo de palma passou a subsidiar matéria-prima para as refinarias locais, fortalecendo o suprimento doméstico, enquanto é provável que a Índia aplique restrições nas exportações de açúcar, administrando os preços para o mercado interno.
Ao mesmo tempo, a população mundial continua crescendo e exigindo maior produção de alimentos e redução das perdas.
Na produção de alimentos, o Brasil já oferece uma das mais importantes contribuições, sendo atualmente o quarto maior produtor de grãos, o segundo maior exportador de grãos e o maior exportador de carne bovina do planeta.
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura – FAO, há perda de cerca de 14% dos alimentos no itinerário entre o produtor e os mercados, além dos 17% de perda entre os mercados e as residências, restaurantes, etc.
Há quem credite ao enfrentamento das perdas a solução mais eficiente para a crise dos alimentos, escolha que pode minimizar a iminente crise, entendida pelo FMI como maior do que foi no passado.
Luiz Bittencourt – Eng. Metalúrgico/UFF; M. of Eng./McGill University/Montreal/Canadá; Pós-graduado em Comércio Exterior/Universidade Mackenzie/SP; Consultor em Relações Institucionais.