ECONOMIA
Com Luiz Bittencourt e Hélio Mendes
NOVO SENSO COMUM PARA O COURO
Crises que afetam alguns setores produtivos são mais sérias do que deixam transparecer, à primeira vista.
A do setor curtidor se transformou em caso emblemático por envolver, ao mesmo tempo, três respeitáveis frentes de batalha.
De um lado, há o embate concorrencial, sustentado por disputas amparadas em tecnologia, características e atributos do produto. Duríssima batalha, mas honesta de princípios.
De outro lado, desonestas ações travestidas de ecológicas que, até pouco tempo atrás não existiam, ganharam robustez e se materializam na regular frequência com que ataques têm sido orquestrados contra a matéria-prima couro, com divulgações na mídia que abrangem desde o mundo da moda, passando pelo ambiente culinário e pelas mídias sociais, chegando até o noticiário cotidiano.
O bombardeio, geral e irrestrito, começa a incomodar por vir obtendo crescente sucesso em seu objetivo de desconstruir a imagem do couro no desejo do consumidor.
O couro está perdendo sua alma e seu senso comum está sendo, paulatinamente, distorcido.
É público e notório que o conhecimento das pessoas é formado pelos meios de comunicação de massas que, por conveniência, podem utilizar conjunto de fakenews como base da informação.
Mesmo assim, ao ser repetido, o conteúdo da mensagem começa a ganhar vida e se estabelece como realidade.
Estamos diante de uma guerra de informação que utiliza os meios de comunicações de massas para corroer determinado interesse do consumidor.
Essa estratégia tem se mostrado convincente ao influenciar populações, em que pese discursos carentes de credibilidade e as consequências são os preocupantes resultados operacionais dos curtumes.
No caso do couro, enquanto o ataque se dá em amplo espaço midiático, o setor curtidor reage utilizando setoriais instrumentos de comunicação, como revistas especializadas, discursos e divulgações em feiras setoriais, etc., todos de alcance extremamente limitado.
O couro fala para si, pouco reverbera, e essa limitação reduz a possibilidade de êxito na regeneração do senso comum do couro.
Por último, o setor, sem perceber, enfrenta uma batalha determinante e silenciosa representada pelas evoluções disruptivas que transformam diariamente as organizações e exigem constante atualização estratégica e cultural, com ênfase em inovações e até reinvenções setoriais.
Em um mundo que oferece automóveis sem motoristas, carne sem animais e lojas sem balconistas, uma desatualizada matriz de valor e a ausência de projetos de diversificação de mercados, escasseiam as oportunidades de negócios, restringem as ações e condenam a estruturação das decisões a jurássicos conteúdos.
Luiz Bittencourt – Eng. Metalúrgico/UFF; M. of Eng./McGill University/Montreal/Canadá; Pós-graduado em Comércio Exterior/Universidade Mackenzie/SP; Consultor em Relações Institucionais; Diretor da LASB Consultoria –[email protected]
Hélio Mendes – Professor e Consultor de Planejamento Estratégico, Gestão Quântica e Gestão nas áreas privada e pública – www.institutolatino.com.br
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