ECONOMIA
Com Luiz Bittencourt e Hélio Mendes
O BRASIL E O COURO BRASILEIRO
Ultrapassamos o mês de outubro e a economia brasileira mostra sinais de que começa a decolar.
Os índices registram inflação abaixo da meta e sob rígido controle, dólar americano com paridade abaixo de R$ 4,00, taxa de juros baixa e com viés de queda, bolsa de valores batendo recordes, privatizações em regime acelerado, risco Brasil próximo de zero, reforma da previdência aprovada, reformas administrativa e tributária em construção, mercado confiante e população esperançosa.
Há décadas não presenciamos cenário sequer parecido.
O virtuoso ambiente construído a duras penas nesses dez meses vem estimulando a produção, a criatividade e edificando promissor futuro.
Não fossem o judiciário, o Congresso e a imprensa, o Brasil seria um dos melhores países do planeta.
Contudo, mesmo com excelentes perspectivas domésticas, alguns setores produtivos estão enfrentando sérias dificuldades e um deles é o setor de couros.
Com um irrisório mercado interno e desafiando a crise do mercado internacional, o setor curtidor brasileiro está vivendo fase negra.
Seu produto padece de forte desvalorização, sofre diuturno ataque de organizações defensoras do bem-estar animal e ainda enfrenta a concorrência de materiais alternativos tecnologicamente desenvolvidos.
Os resultados são catastróficos.
De 2014, ano recorde na exportação de couros brasileiros, até hoje, as exportações de couro despencaram 65%, com ênfase em seus principais clientes como China (- 71%) e União Europeia (- 61%). Em valores relativos, as consequências são também desastrosas. Em 2014, as exportações de couro representavam 1,3% das exportações totais do Brasil. Hoje, não passam de 0,5%.
Como sobreviver sem mercado doméstico e com um inóspito mercado internacional?
Se um país consegue reverter sua decadente tendência e, mesmo em ambiente hostil e contaminado pela corrupção, promover inflexão em dez meses de atuação, por que um setor produtivo não pode, em prazo razoável, recuperar sua competitividade?
Algumas lições podem ser tiradas do sucesso brasileiro.
A administração precisa abandonar as ações entre amigos, o planejamento deve alicerçar todas as atividades, equilíbrio fiscal se torna obrigatório e profissionalismo, ousadia e inovação passam a ser prioritários.
Vivemos hoje um clima brasileiro completamente favorável a recuperação econômica de empresas e setores, consolidado em políticas públicas que passam a conferir a indispensável previsibilidade, sem paternalismos, àqueles que exercitam best practices.
Dificuldades, como sempre, servem para serem ultrapassadas e não devem se tornar empecilhos à adequação ao novo contexto, que passa a exigir organização que viabilize alianças estratégicas de sustentação e ampliação das vantagens comparativas.
Luiz Bittencourt, Especialista em Relações Institucionais e Comércio Exterior. Engenheiro (Master of Engineering pela McGill University, Montreal, Canadá) e pós graduado em Comércio Exterior pela Universidade Presbiteriana Mackenzie é Diretor da LASB Consultoria.
e-mail: [email protected]
Hélio Mendes, Professor e Consultor de Planejamento Estratégico e Gestão Quântica nas áreas privada e pública.
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