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O GAMBITO DE DAMA NEM SEMPRE É A MELHOR SAÍDA

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Ao escolher sua chapa em busca do apoio ao presidente Bolsonaro, Ibaneis Rocha pode acabar derrotado no xadrez político do DF. No xadrez, o gambito da dama é uma maneira agressiva de começar o jogo.

Curiosamente, isso começa com o sacrifício de uma peça – preferencialmente o peão que fica à frente do bispo à esquerda de quem joga com as brancas. Tal posicionamento, se aceito, costuma causar problemas para o adversário, que abre demais o sistema defensivo. Com isso, as brancas dominam o centro do tabuleiro e, a partir daí, passam a comandar o jogo.

No tabuleiro de xadrez que se transformou a eleição ao GDF, Ibaneis Rocha (MDB) pensou ter dado o gambito de dama. Sacrificou uma peça, a do fiel vice Paco Brito. Não satisfeito, foi jogando de forma agressiva, oferecendo outros peões, cavalos e bispos. Tudo em busca do xeque-mate ao rei, Jair Messias Bolsonaro.

O problema dos jogadores que sacrificam muitas peças é que a defesa acaba desguarnecida, com flancos abertos. E, em uma destas manobras, pode-se perder uma torre, peça fundamental em uma estratégia de jogo. Ou, pior, a rainha, com sua movimentação ilimitada.

E foi assim que, ao arriscar demais em busca de um xeque-mate no primeiro turno, o governador acabou se expondo na defesa e pode terminar por fortalecer aquele que maneja as peças pretas e que tem, teoricamente, desvantagem no jogo.

Discretos e conservadores, dois oponentes jogam com movimentos comedidos.

Sem a propaganda dos torcedores organizado$, não muito recomendáveis no xadrez, pensam bem antes de tocar na peça e avançar no tabuleiro.

Mas o próximo movimento pode complicar a vida de quem começou com o gambito de dama.

O primeiro enxadrista é um grão-mestre internacional até certo ponto novato no tabuleiro. José Antônio Reguffe (UB) perdeu muitas partidas com aberturas pela esquerda, até aprender que o bom jogo é feito pelo centro. A partir do domínio desta estratégia, foi vencendo campeonatos atrás de campeonatos. Nisso, assemelha-se ao indiano Viswanathan Anand, que em 2000 quebrou a longa hegemonia soviético-russa e tornou-se campeão mundial. Tal como Reguffe, Vishy acumulou cinco vitórias nas decisões mundiais, mas perdeu finais anteriormente.

Reguffe também tem certa semelhança com o norueguês Sven Magnus Øen Carlsen, que é o atual pentacampeão mundial. Jovem e talentoso, Carlsen tem uma veia crítica contra o sistema político da Federação Internacional de Xadrez (Fide), já tendo até recusado a jogar uma seletiva por não perceber regras limpas.

O segundo enxadrista do tabuleiro do DF é Paulo Octávio. Empresário e político, pode ser considerado uma espécie de Garry Kímovich Kasparov, o maior enxadrista de todos os tempos. Se Kasparov hoje se retirou dos tabuleiros dos jogos político e de xadrez, mudando-se até da Rússia, P.O segue ativo, dedicando-se às suas torres. Sua estratégia é parecer, muitas vezes, batido pelos rivais. Aí estes passam a ser presas fáceis do seu jogo fluido e claro. É o momento em que ele ataca, com elegância, por saber transitar pelos dois lados do tabuleiro, sem maiores opositores.

P.O conseguiu, ao longo dos anos, vencer inúmeras partidas difíceis. Teve adversários que pareciam encurralá-lo, mas seus peões chegavam ao final do tabuleiro adversário, e novas damas resolviam o jogo. E está livre para disputar novos jogos, ao contrário de muitos dos antigos rivais, hoje presos à liberdade de suas damas, apenas.

Mas o jogo de xadrez, seja de tabuleiro ou político, envolve apenas dois jogadores. Serão eles que restarão, no dia 2 de outubro.

De um lado estará Ibaneis. Do outro, um enxadrista que pode ser Paulo Octávio ou Reguffe. Entre as peças, os peões vão pesar, e eles são o povo brasiliense. Quem mexer bem estas peças no primeiro turno pode ter sucesso na grande final.

Façam suas apostas.


Jorge Eduardo Antunes é Jornalista


 

[email protected] www.revistadiaria.com.br
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