Hoje boa parte das empresas vive um grande paradoxo: determinam aos funcionários que sejam disciplinados, cumpridores de metas; as chefias exigem que sigam religiosamente os processos e não cometam nenhum erro, que o planejado seja executado… e, ao mesmo tempo, esperam que todos sejam criativos e inovadores.
Porém, para que isso aconteça, é preciso quebrar regras e, se necessário, cometer erros.
E temos que concordar que não se muda sem se alterarem metas e processos e que os planejamentos são criados para trazer rupturas.
Este é grande paradoxo das organizações de todos os setores: o modelo necessário é exatamente o contrário do existente. Os gestores, ou melhor, as lideranças, terão que conciliar os opostos, formar e gerenciar equipes que sejam tanto disciplinadas quanto criativas, que cometam erros e obtenham bons resultados. Deverão motivar pessoas para cometer erros, ou seja, para fazerem grandes transformações – porque pequenas já não atendem mais.
A opção é ter lideranças que incentivem os membros das equipes a não manter os atuais processos; afirmem que o planejado deve ser mudado e que erros são bem aceitos, porque são pré-requisitos para fazer modificações. E ainda devem ter consciência de que o cargo não pode ser barreira para o processo decisório. A cadeia de comando é necessária, mas relativa.
Por incrível que pareça, é preciso reconhecer e aceitar o paradoxo, ou seja, conciliar disciplina com indisciplina nas organizações, para fazer parte das empresas que vão continuar no mercado.
Hélio Mendes – Consultor de Estratégia e Gestão, professor da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, com curso de Negociação pela University of Michigan, Gestão Estratégica pela University of Copenhagen e Fundamentos Estratégicos pela University of Virginia. [email protected] – www.institutolatino.com.br