O sol escaldante do Oriente Médio testemunhou, em décadas turbulentas, o parto de movimentos que ecoariam pelos noticiários e moldariam o mapa geopolítico da região: Hamas e Hezbollah.
Nascidos em contextos distintos, mas unidos pela causa palestina e pela resistência à influência israelense, seus surgimentos foram mais do que meros acontecimentos; foram gritos de povos oprimidos, buscando voz e autodeterminação.
O Hamas, Movimento de Resistência Islâmica, surgiu em 1987, no calor da Primeira Intifada que tem o significado de levante, agitação, tremor, a revolta palestina contra a ocupação israelense. Ela começou em dezembro de 1987, no campo de refugiados de Jabalia, na Faixa de Gaza, e se espalhou rapidamente pela Cisjordânia e Jerusalém Oriental.
As principais características foram protestos de rua, greves gerais, desobediência civil e o uso de pedras por jovens palestinos contra os soldados israelenses. A Segunda Intifada (2000-2005): Também chamada de “Intifada de Al-Aqsa”, começou em setembro de 2000, após uma visita controversa do então líder da oposição israelense Ariel Sharon ao complexo da Mesquita de Al-Aqsa em Jerusalém.
Esta Intifada foi marcada por uma escalada significativa da violência, com ataques suicidas palestinos e operações militares israelenses de grande escala. O uso de armas de fogo e explosivos foi muito mais comum do que na primeira Intifada. Em meio à frustração com a liderança secular da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e inspirado pela Irmandade Muçulmana, o Hamas ofereceu uma nova abordagem: a resistência armada como caminho para a libertação da Palestina histórica. Sua carta de fundação, de 1988, já clamava pelo estabelecimento de um Estado islâmico em toda a Palestina, da Jordânia ao Mediterrâneo.
No vizinho Líbano, a ferida da guerra civil ainda sangrava quando, no início dos anos 80, o Hezbollah (“Partido de Deus”) emergiu. Com forte influência da Revolução Islâmica do Irã e nutrido pela marginalização da comunidade xiita libanesa, o Hezbollah nasceu com o objetivo de resistir à ocupação israelense do sul do Líbano e de afirmar a identidade islâmica do país. Sua luta armada, inicialmente focada na expulsão das tropas israelenses, gradualmente se expandiu para uma atuação política significativa no cenário libanês. Seus nascimentos não foram eventos isolados. Foram respostas a décadas de conflitos, deslocamentos e a sensação de injustiça.
O Hamas cresceu no vácuo da ineficácia percebida da OLP em alcançar a independência palestina. O Hezbollah floresceu em meio ao caos da guerra civil libanesa e à busca por uma voz para a comunidade xiita.
Com o tempo, ambos os movimentos se consolidaram como forças políticas e militares influentes. O Hamas assumiu o controle da Faixa de Gaza, enquanto o Hezbollah se tornou um ator central na política libanesa, mantendo um poderoso braço armado. Suas trajetórias, marcadas por conflitos, tensões e a busca por seus ideais, continuam a moldar o complexo e delicado cenário do Oriente Médio, lembrando-nos que por trás de cada manchete, há a história de um nascimento, de uma resistência. O ódio gera ódio.

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