Por: Hélio Mendes e Luiz Bittencourt
Finalmente surge no horizonte uma oportunidade para a globalização da pecuária brasileira. Há décadas o pecuarista brasileiro tem sido refém de um modelo comercial absorvido por toda a cadeia produtiva, que estrangula a potencialidade de seus negócios.
Elo inicial da cadeia, a pecuária se tornou cativa dos elos subsequentes, com predominância do elo a jusante, cuja capacidade de organização, de adequação e de desenvolvimento de estratégias políticas o levou a liderança na cadeia e protagonismo na precificação de sua matéria-prima.
A pressão se intensifica ao longo da cadeia, com a transferência da tutela para supermercados e grandes importadores. Não resta dúvida de que estamos diante de uma cadeia produtiva complexa e extremamente competitiva.
Contudo, matéria publicada no último dia 20 de março sugere um ponto de inflexão para o pecuarista brasileiro: “pecuaristas criaram uma associação para exportar gado vivo direto e aumentar lucro até de 20%” — trata-se da UPEAVA (União dos Pecuaristas Exportadores de Animais Vivos do Brasil), iniciativa que aposta na globalização da pecuária nacional, pela venda direta ao mercado internacional, modelo que livra a pecuária de intermediários, permite ganhos de escala, compartilha despesas logísticas, reduz a dependência do mercado doméstico, oferece acesso a atrativos mercados, além de proporcionar padronização do rebanho e rastreabilidade.
Sem dúvida a pecuária se valorizará pela melhoria genética do rebanho, ganhos de qualidade da carne e flexibilidade na escolha de melhores momentos de comercialização. Bem estar animal e exigências sanitárias serão insuficientes para impedir o setor de ingressar em um novo tempo.
O histórico de sucessos anteriores recomenda a agilização de processos pela regionalização de associações pecuaristas, enfaticamente articuladas com a entidade nacional. Atalhos podem parecer atrativos, mas também podem significar riscos para a adequação do setor ao novo modelo de negócio, a exigir o dinamismo de uma cultura exportadora que estrategicamente não descarta industrialização com fins de agregação de valor ao produto do setor.
Independente das origens dos prováveis obstáculos, sejam eles frigoríficos ou lobistas, há relevante espaço para todos os elos da cadeia, especialmente para aqueles que possuem produto de qualidade e admitem oportunidades como desafios factíveis para o desenvolvimento de sua empresa.
A valorização da arroba e a expansão da pecuária serão objetivos, enquanto união e ousadia contribuirão para vencer modelos ultrapassados.
Um novo tempo, um novo setor.


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