ECONOMIA
ARTIGO
Com Luiz Bittencourt e Hélio Mendes
OPORTUNIDADE PARA O AGRONEGÓCIO
A recente tentativa de boicote, protagonizado por conhecidas marcas norte-americanas, resultou em gigantesco fracasso por alicerçado em inverídicas informações e, ao mesmo tempo e inconscientemente, deslocou os holofotes da mídia internacional para a matéria-prima couro. Gerou, esse lamentável episódio, uma especial oportunidade para exposição de nossas potencialidades.
O agronegócio brasileiro, por exemplo, representa natural vocação do país, lastreada em clima, solo, água, relevo e luminosidade que se traduz em relevantes 21% de participação no PIB.
A produção eficiente e consciente tornou-o responsável pela metade das exportações brasileiras e por 40% dos empregos do país.
A seriedade e a qualificação empresariais permitiram ao agronegócio conquistar o status de global player com a responsabilidade de abastecer o planeta nesse século XXI, porém, não resta dúvida de que o crescente êxito global e a baixa competitividade dos concorrentes internacionais sugerem o agronegócio nacional como ameaça e provocam exacerbadas reações de protecionismo.
A guerra comercial extrapola os setores industriais e busca denegrir a imagem do concorrente onde impacta o consumidor, mesmo que sob dados manipulados e inverídicos, como ocorreu.
Mas a oportunidade surgiu e o mencionado abastecimento não se limita a alimentos, mas abrange também a produção de couros.
O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores mundiais de couro, abastecendo com mais de 80% de sua produção, principalmente, os mercados da China, Itália e EUA. Sua internacionalização é consequência da peculiar preferência do mercado doméstico pelos plásticos.
É público e notório que o couro é subproduto de origem animal cujo abate ocorre, exclusivamente, para atender a produção de alimentos. Não há abate para produção de couro.
No processamento para a obtenção de proteína animal, o couro seria naturalmente descartado como rejeito e, como tal, causaria relevante impacto ambiental, não fossem os contínuos desenvolvimentos tecnológicos que permitem a transformação dessa escória em riqueza, com fecunda geração de empregos.
Como todo o couro exportado passa por rigorosa análise internacional de conformidade, incluindo rastreabilidade que permite identificar a origem da matéria-prima, a fracassada investida, de quem sequer adquire couro brasileiro, revela ato orquestrado com finalidades outras que não uma justa penalização a quem não cumpriu determinada parte do contrato.
O não prosperar da viciada ação expõe o reconhecimento internacional da qualificada preparação do agronegócio nacional que não o deixa refém de atos inconsequentes e o fortalece para ampliar parcerias e atender, progressiva e competitivamente, a demanda mundial.
Quanto a Amazônia, novos ataques virão, consequência de espúrios interesses internacionais legitimamente cancelados, e serão enfrentados por um lídimo, ousado e liberal governo brasileiro que tratará o tema considerando a soberania e o interesse nacionais.
A oportunidade está posta, restando ao agronegócio organização e determinação para aproveitá-la.
Luiz Bittencourt, Engenheiro Metalúrgico pela UFF; Master of Engineering pela McGill University, Montreal, Canadá e pós graduado em Comércio Exterior pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. É Consultor especializado em Relações Institucionais e Diretor da LASB Consultoria. e-mail: [email protected]
Hélio Mendes, Professor e Consultor de Planejamento Estratégico e Gestão nas áreas privada e pública. www.institutolatino.com.br
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