ARTIGO
HELIO MENDES
O que mais temos vivenciado são pessoas que já leram centenas de livros e artigos sobre teorias administrativas passando a aplicá-las nas organizações, sempre no mesmo formato, mesmo que seja em culturas diferentes, por comodismo ou por não serem capazes de produzir novos pensamentos.
Neste caso, correm o risco de não ser intelectuais da área, mas pseudointelectuais. Na maior parte das vezes, fazem parte dos problemas, e não das soluções, verdadeiros obstáculos da inovação. E isso tem piorado, porque muitas dessas pessoas são detentoras de conhecimentos ultrapassados. Há algum tempo, conhecimento tem prazo de vencimento, como a maioria dos produtos.
Neste contexto temos personagens nos dois extremos: em um deles, jovens com muita teoria, mas sem experiência; e, no outro, indivíduos com mais idade que não conseguem sair das teses que defenderam. Além de sedentários, possuem uma visão de mundo limitada – e todos temos. Os jovens repetem o que está nos livros novos, mas sem experiência prática, e os outros permanecem repetindo conceitos e práticas antigos.
Cada ambiente organizacional tem seus próprios valores. Proposições novas são aceitas se forem customizadas, o que exige experiências recentes. As ultrapassadas… fazem parte do passado. Repetir teorias ignorando entrelaçamento quântico é errar no tamanho do sapato, ou seja, recomendar um número maior ou menor para o cliente usar: o primeiro vai sair do pé e o segundo vai machucar. Para errar menos em um ambiente de grande incerteza, os mais novos terão que obter experiências para validar as teorias aprendidas e aqueles com mais idade deverão esquecer as velhas conjecturas para continuar sendo úteis. Ambos têm que entender que tudo está conectado e não há uma só visão da realidade.
É grande o desafio para os novatos e para os que estão há mais tempo no mercado de trabalho, seja na atividade empresarial ou na área acadêmica, num mundo que exige quebras de paradigmas em tempo real, onde as empresas, para sobreviver, precisam de um novo modelo mental. O mais fácil nesta nova era é trocar de tecnologia e obter recursos financeiros. O mais difícil é reconhecer que percebemos pouco da realidade.
Hélio Mendes Consultor de Estratégia e Gestão, professor da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, com curso de Negociação pela University of Michigan, Gestão Estratégica pela University of Copenhagen e Fundamentos Estratégicos pela University of Virginia.