Na verdade, não só os produtores de commodities, mas todos que estão no mercado devem fazê-las, apesar de para os primeiros tais perguntas terem mais sentido – porque alguns nos lembram dos alquimistas medievais que tentavam transformar metais comuns em ouro.
Fui produtor de leite durante muitos anos, cheguei a tirar mil litros por dia. Na época acontecia um fato inusitado: a cooperativa pagava qualidade, e qualidade exige muito investimento. Mas… o caminhão que buscava o leite da nossa produção misturava-o com os que não tinham qualidade.
As perguntas que o produtor e mesmo as cooperativas devem fazer são: “O que o mercado final exige, de fato? O que fazemos, que agrega valor? O que devo fazer para ser competitivo? O que o mercado reconhece?”. São questões que precisam ser respondidas. Se não forem feitas, corre-se o risco de estar-se tentando transformar metais comuns em ouro.
Tenho questionado ultimamente os grandes investimentos na área ambiental, se são verdadeiros ou manipulação política das grandes nações, porque estas, além de não terem preservado nada, continuam a produzir em seus territórios sem o mínimo cuidado com o meio ambiente. Não defendo que não devamos preservar, mas vislumbro esse paradoxo.
Qual o maior mercado de hoje e do futuro do Brasil? A Ásia. O que eles exigem para comprar? Nada em relação à parte ambiental. Temos que focar suas exigências, temos que lembrar um importante preceito da boa gestão: “Despesa é o que gera receita; se não gera, é prejuízo”.
Os produtores de commodities precisam ver o ponto final da linha, o consumidor final, o que ele quer – este é que deve definir o modelo de negócio. O que mais tira o foco dos negócios são os modismos. Uma boa frase dos mineiros antigos: “Não inventa moda, meu filho!”.
Hélio Mendes – Consultor de Estratégia e Gestão, professor da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, com curso de Negociação pela University of Michigan, Gestão Estratégica pela University of Copenhagen e Fundamentos Estratégicos pela University of Virginia . [email protected] – www.institutolatino.com.br