ARTIGO
A Constituição de 1988 determinou que todas as cidades com mais de 20 mil habitantes passassem a ter um Plano Diretor.
Em Uberlândia-MG, na gestão do prefeito Virgílio Galassi e do vice Chico Humberto, fomos o coordenador do referido plano, com horizonte de 10 anos, contratado para assessorar a equipe de Jaime Lerner. O documento foi aprovado na Câmara na gestão de Paulo Ferolla e seu vice, Leonídio Bouças. Dois grandes prefeitos.
O Plano Diretor de Uberlândia utilizou a metodologia de Lerner, cujo projeto é sustentado por três diretrizes básicas para orientar o crescimento de uma cidade: sistema viário, uso do solo e transporte coletivo. A fim de que a cidade tenha qualidade de vida, deve também considerar que os elementos do tripé trabalho-moradia-lazer sejam próximos uns dos outros; cuidar do meio ambiente; e dividir o espaço por funções de uso.
Dois pontos estratégicos do plano que foram aprovados: a revitalização do Centro, contemplado com um boulevard, um calçadão da praça Clarimundo Carneiro à Praça Tubal Vilela e parte da rua Santos Dumont. Um verdadeiro shopping a céu aberto, como existe em Curitiba e várias cidades do mundo. E pensando na riqueza que Uberlândia “ainda tem”, com 31 cursos de água na área urbana, muitos deles seriam transformados em parques lineares.
Não dá para descrever neste espaço a riqueza do plano, considerado pela equipe de Curitiba o melhor que haviam assessorado até aquela data. (Curitiba foi eleita recentemente como cidade mais inteligente do mundo, pelo World Smart City Awards, na Espanha).
Não temos todos os elementos para avaliar por que não foi realizado até agora, já que cada gestão tem suas prioridades. Mas como estamos em ano de eleição, pode ser algo para os candidatos debaterem, uma vez que o Centro ainda precisa ser revitalizado, a Lei de Uso e Ocupação do Solo não tem sido respeitada na sua plenitude e os cursos d’água sempre requerem mais cuidados.
Toda eleição é uma oportunidade para os moradores refletirem qual cidade eles querem para viver e deixar para as gerações futuras.