Sem estadistas, não há Estado
Enquanto a floresta queima, muitos candidatos a prefeitos e vereadores focam apenas em uma árvore, uma verdadeira miopia política. É como o ditado: enquanto o sábio aponta o céu, o ignorante olha para o dedo.
As eleições municipais são a base do sistema político do país. Ignorar os grandes problemas nacionais, como insegurança jurídica, perda de liberdade, a ineficiência do Congresso e a falta de um projeto de governo, é irresponsável.
Como cidadão e profissional, acompanho de perto as eleições e, principalmente, os debates. Infelizmente, o processo político e a qualidade dos candidatos têm piorado a cada ano, assim como o interesse do eleitor. Existe uma decepção generalizada com os chamados “políticos”, cujo foco é a perpetuação nos cargos, e não no poder real, que vem do apoio popular — algo que perderam há tempos.
Não podemos esperar muito desta eleição, pois a maioria dos eleitores ainda não tem plena consciência da importância do seu voto. As instituições e os grandes empresários estão insatisfeitos, mas nunca se preocuparam verdadeiramente com o país. Sempre investiram em candidatos que agissem como despachantes de seus interesses, e não como defensores das causas nacionais. Agora, permanecem em silêncio, mas a conta, que demorou a chegar, finalmente está sendo cobrada.
É impossível considerar bons políticos aqueles que evitam os grandes temas nacionais. Em um país onde a maioria dos municípios depende do governo federal, a ausência de estadistas é evidente. E, sem estadistas, não há Estado.
Hélio Mendes é autor de “Planejamento Estratégico Reverso” e “Marketing Político Ético”. Ele atua como consultor de empresas e já foi secretário de planejamento e meio ambiente na cidade de Uberlândia/MG. Além disso, é palestrante em cursos de pós-graduação e na Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, além de membro do Instituto SAGRES – Política e Gestão Estratégica Aplicada, em Brasília.
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