Por Luiz Bittencourt e Helio Mendes
Na verdade, não são tendências, mas uma realidade – e não apenas para 2023, mas para o século XXI. O que era possibilidade passou a ser realidade: o Agro é um dos pilares nacionais e vai além, é base para o mundo nas áreas de energia e alimentar, com destaque para a biodiversidade, e permitirá ao Brasil se consolidar como potência mundial, pela cultura 4.0 e pelo protagonismo em sustentabilidade.
É importante os eleitos darem continuidade ao que vem sendo realizado.
O cenário nos mostra pontos de inflexão estratégicos que sustentam essa ideia. Tudo ficou mais evidente em função da guerra entre Rússia e Ucrânia, que mostrou uma Europa fragilizada, uma China não tão forte como se imaginava e os Estados Unidos, principal nação do mundo, em situação de desequilíbrio. A arquitetura da nova geopolítica é favorável ao Brasil, “o cavalo arreado está passando na porta dos brasileiros”, e não costuma passar duas vezes.
É imprescindível que o presidente e o Congresso apoiem o empreendedorismo, que as reformas que o país necessita sejam aprovadas, pois estão estacionadas há décadas nas gavetas do Legislativo.
A reeleição do governador Zema em Minas e a eleição de Ministro Tarcísio em São Paulo confirmam que a maioria dos estados reconhece o Agronegócio como setor estratégico.
Entretanto, há algo difícil, mas fundamental: os brasileiros devem entender que não veremos os resultados possíveis, se não acontecer uma transformação cultural. Não podemos mais manter um Estado patrimonial e uma classe política fisiológica.
Vale apontar a importância de aumentarmos o grau de pertencimento nacional, defendendo os nossos valores e a nossa bandeira, sentimentos esses que afloraram nos últimos anos.
Para ficar mais pragmática esta visão de futuro,apresentamos a primeira versão da síntese da Matriz SWOT Nacional do Agro, com oportunidades, ameaças, pontos fracos e fortes, apostas que temos pela frente.
Síntese de uma Matriz SWOT do Agro Nacional
Fatores internos
Fatores externos
Essa Matriz SWOT nos mostra que o Brasil está hoje em uma posição estratégica de crescimento.
No ambiente externo as oportunidades predominam sobre as ameaças, mas no ambiente interno os pontos fracos ainda predominam sobre os fortes. A fim de passarmos para a postura estratégica de desenvolvimento, os pontos fortes têm de predominar sobre os fracos. É possível, desde que o Agronegócio, os brasileiros e os governos entendam essa grande possibilidade e tenham confiança no País.
Na área internacional, onde se encontram as principais oportunidades para o Brasil nos próximos anos, o Agronegócio representou 52% de nossas exportações em outubro de 2022. Temos como desafio aumentar 40% nos próximos anos para atender à demanda mundial.
Selecionamos alguns gráficos os quais nos mostram estarmos em franco crescimento e que podemos ser, além da grande fazenda do mundo, a grande fábrica, num futuro próximo, se seguirmos um Projeto de Nação, e não apenas planos de governos.
É possível, porque vamos ter um governo comprometido em fazer uma boa gestão e um Congresso cujo perfil aponta para entender e se comprometer com esta visão de futuro. Mas é necessário acompanhar e cobrar dos eleitos.
A taxa de desemprego caiu no mundo e também no Brasil, tendo se reduzido de 14,4%, em 2021, para 8,7% no terceiro trimestre de 2022.
TAXA DE DESEMPREGO
Fonte: Our World in Data/Banco Mundial
Enquanto a inflação global cresce e ameaça de recessão algumas potências econômicas, a brasileira se reduz e apresenta deflação nos últimos três meses.
VARIAÇÃO MENSAL DA TAXA DE INFLAÇÃO BRASILEIRA
Fonte: IBGE
O PIB nacional vem se mantendo positivo, com viés de alta, anunciando o crescimento econômico. Há um ano e meio o PIB brasileiro tem apresentado variações trimestrais positivas.
Fonte: IBGE
O agronegócio vem mantendo, há uma década, o protagonismo no comércio exterior brasileiro, representando, em média, 45% das nossas exportações, tendo registrado o recorde de 52% em outubro último.
PARTICIPAÇÃO DO AGRO E DA CHINA NAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS
Fonte: Comexstat/ME
Esses gráficos mostram que estamos avançando, considerando que o Agronegócio é responsável por 27% do PIB e pelo aumento crescente e consistente da exportação, iniciando o processo para alavancar setores secundários e terciários nacionais.
Para ganhar aceleração é necessário continuar retirando os óbices antigos, que são os pontos fracos citados,o que vai nos permitir a consolidação como uma grande nação nos próximos anos.
Tivemos até agora apenas planos de governos. Entretanto, em boa hora este ano três institutos importantes – Sagres, General Villas Boas e Federalista – entregaram ao governo o primeiro Projeto de Nação – Brasil em 2035, contendo 37 temas estratégicos.
Por ter sido elaborado na era das organizações exponenciais, permite atualização em tempo real e será útil não apenas para o setor público, mas também para o setor privado, para as instituições e para os parceiros internacionais.
Acreditamos que vamos começar 2023 com muito otimismo, porque estamos no rumo certo. Deveremos ter coesão interna. Temos um grande desafio pela frente, porque o futuro do Brasil é maior do que os nossos sonhos.
Luiz Bittencourt – Eng. Metalúrgico/UFF; M. of Eng./McGill University/Montreal/Canadá; Pós-graduado em Comércio Exterior/Universidade Mackenzie/SP; Consultor em Relações Institucionais.
Hélio Mendes – Consultor de Estratégia e Gestão, professor da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, com curso de Negociação pela University of Michigan, Gestão Estratégica pela University of Copenhagen e Fundamentos Estratégicos pela University of Virginia.
