EMPRESAS
ARTIGO COM HÉLIO MENDES
UM CASE QUÂNTICO
MUDANÇA DO MODELO MENTAL NA ÁREA PÚBLICA
Falar em Mecânica Quântica, quando utilizamos essa teoria no período em que estávamos Secretário de Meio Ambiente da cidade de Uberlândia, iria dificultar o processo. Assim, sua implementação aconteceu com a utilização de várias práticas de gestão que, no conjunto, tinham como finalidade única mudar o modelo mental da secretaria.
Inicialmente, cremos que, para a maioria dos funcionários, as ideias eram algo impossível. Mas deram certo. A mudança começou na distribuição do poder.
Considerando que, no setor público, o modelo da cadeia de comando é rígido, isso assustou um pouco, gerou até um clima de desconfiança no primeiro momento, pois as decisões eram transparentes – e o processo liderava, não o gestor.
As metas criadas tinham como referência o Plano de Governo e o Planejamento Estratégico da secretaria, a qual era a única que possuía Planejamento Estratégico explicitado no site da Prefeitura, com acompanhamento em tempo real, além de um e-book com essas diretrizes, que continha também os nomes de todos os funcionários da Secretaria de Meio Ambiente.
Em relação à comunicação, até aquele momento a prática era de que as entrevistas aos veículos eram realizadas apenas pelo secretário e, as “não relevantes”, por seus assessores. Isso mudou.
Passaram a ser feitas pelos funcionários de cada área, o que aumentou o compromisso e a autoestima durante a gestão, pois o lema era: “Quem faz, comunica”.
O layout da secretaria sofreu uma mudança radical: foram eliminadas as divisórias, inclusive as da sala do secretário, e adquiridos móveis em formato de ilhas, passando cada equipe a ocupar uma delas. Não se conseguia perceber nível hierárquico. Só se mantiveram as divisórias da sala de reuniões, a fim de não gerar barulho para os que estavam fora. Aconteceu, dessa forma, o processo de entrelaçamento, uma conectividade acima do normal.
O Índice de Felicidade Interna Bruta – FIB foi implantado na secretaria, com medição mensal, com sucesso. Foram iniciados dois pilotos dessa prática, um no distrito de Cruzeiro dos Peixotos e outro no bairro Luizote de Freitas. O FIB é utilizado em vários países. No Brasil, foi projeto pioneiro na área pública.
Os principais projetos foram transversais, criados e implantados com outras secretarias. Essa foi uma das partes mais difíceis, que visou uma conexão maior, porque no serviço público cada órgão é um verdadeiro “silo”, onde o individualismo e a vaidade costumam reinar, prevalecendo às vezes acima do interesse coletivo, levando até os bons servidores – que são a maioria – a esquecer que são servidores públicos.
Aconteceu uma mudança do modelo mental, foi visível esse fato. Esse processo melhorou o ambiente de trabalho e aumentou a produtividade. Quando a gestão fica acima do interesse pessoal do gestor, o nível de compromisso é alto, seja na área pública, seja no setor privado.
Hélio Mendes Professor e consultor de Planejamento Estratégico e Gestão Quântica nas áreas privada e pública www.institutolatino.com.br