Universidades e grandes empresas precisarão repensar suas práticas
Vivemos um novo momento na história da administração. Como professor de Teoria Geral da Administração (TGA) por anos em uma universidade federal e depois em uma faculdade particular, observei que o estudo da história da administração como escola se estagnou na década de 1960. Desde então, surgiram enfoques e metodologias passageiras, muitos dos quais são apenas modismos.
As organizações criadas no século passado, com raras exceções, e até algumas deste século, ainda focam mais na eficiência do que na eficácia, mais no ambiente interno do que no externo, mais no setor específico do que no macroambiente, e mais nas fronteiras nacionais do que no mercado global. Muitas empresas e faculdades de negócios seguem esse modelo, desvalorizando a geopolítica e a formação de lideranças globais, que exigem experiência internacional e não apenas leitura de livros.
No século XXI, independentemente do porte, as empresas precisarão mudar sua mentalidade, pois a concorrência se tornou global. Marcas tradicionais estão perdendo mercados, e tecnologias disruptivas estão desintegrando empresas seculares. Um exemplo recente está nas montadoras de veículos, nas plataformas de varejo e no ensino a distância.
Há um consenso de que não vivemos mais uma nova era organizacional, mas um novo mundo. Não é mais viável trabalhar em um formato linear. As tecnologias permitem o reverso: trazer o futuro para o presente.
Organizações que se limitarem à melhoria contínua enfrentarão grandes dificuldades para se manter no mercado. É necessário adotar múltiplas visões e romper com modelos criados no século passado. Nenhuma instituição está isenta — desde universidades até grandes empresas. Será indispensável repensar práticas, combater o excesso de regras e evitar que certificações exigidas por clientes transformem gestores em “escravos” burocráticos, inibindo a criatividade e promovendo uma verdadeira “comoditização organizacional”.
Para que as empresas criem um círculo virtuoso, os gestores devem ter coragem e estar dispostos a adotar mudanças radicais. Recomendo implementar um programa de incentivo, no qual todos os funcionários que apresentarem ideias disruptivas sejam premiados com um bônus equivalente a cinco salários.