CRÔNICAS
SER OU NÃO SER. EIS A QUESTÃO
Estou em São Paulo sentado na loja de chocolates Dengo no Shopping Cidade de São Paulo, localizado no coração da Avenida Paulista. Peço um capuccino e começo a ler o livro de Milan Kundera (In Memoriam), Os Testamentos Traídos. A cultura de massa ainda domina os corações e mentes.
Vejo mulheres com suas filhas sentadas num protótipo de um carro cor de rosa, tirando fotos e sonhando que são Barbies. Homens vestidos de rosa se sentindo como o personagem Ken.
Como escreveu Milan Kundera: “A insignificância meu amigo, é a essência da existência. Ela está conosco em toda parte e sempre. Não basta apenas reconhecê-la, é preciso amar a insignificância“.
Volto ao tempo da minha juventude e a minha insignificância vai junto. Me vejo sentado no Pullman do Cine Presidente, na minha sagrada aldeia, chupando uma deliciosa bala de café e depois uma de leite, assistindo Operação Dragão. Saio do cinema sonhando em lutar como Bruce Lee.
Já sonhei também em ser um homem charmoso, conhecendo lugares exuberantes, namorando mulheres lindíssimas e salvando o mundo como James Bond.
Quem não quis ser um guerreiro como Rambo ou pertencer a Família Corleone? Eu já quis ser logo um mafioso, como Michel Corleone.
O homem é o tamanho do seu sonho como disse o poeta português Fernando Pessoa. Já que é para sonhar, então vamos sonhar grande com toda a nossa insignificância né?
O café Capuccino chega até a minha mesa e penso: Ainda bem que a minha insignificância não me levou a sonhar em ser um Ken. Vejam vocês.