ARTIGO
LUIZ BITTENCOURT
A epidemia do Covid-19 está entrando em sua fase decadente e os municípios precisam se preparar para a retomada das atividades econômicas.
Barra do Piraí, com uma população de 100 mil habitantes e um precário sistema de saúde entrou nesse desarranjo sem adequada capacitação hospitalar, deixando o barrense muito apreensivo.
Sem conseguir adequar o sistema de saúde às necessidades de combate, Barra do Piraí envia, após 82 dias de Coronavírus no Brasil, seus pacientes de maior gravidade para municípios vizinhos.
A Secretaria de Saúde do Município emite boletim com informações gerais que ontem registrava 76 casos confirmados, 54 recuperados, 11 em acompanhamento e 11 óbitos.
Para uma população de 100 mil habitantes, em período de quase 3 meses, os números do Covid-19 no município são afortunadamente modestos.
Basta comparar os óbitos causados pelo vírus, em 2020, com os óbitos totais ocorridos em 2019 (não há informações cartoriais sobre óbitos barrenses em 2020)
ÓBITOS DE 2019 EM BARRA DO PIRAI
MÊS | ÓBITOS |
JANEIRO | 33 |
FEVEREIRO | 39 |
MARÇO | 37 |
ABRIL | 58 |
TOTAL | 167 |
A média de 41 óbitos mensais dos primeiros quatro meses de 2019 é quatro vezes superior aos óbitos (11) ocorridos por Covid-19, ocorridos em quase 3 meses de 2020.
Se no futuro, alguém avaliar esses dados, sem a devida orientação, concluirá que se houve epidemia em Barra do Piraí, ela ocorreu em 2019.
Considerando que pacientes barrenses acometidos de Covid-19 são sistematicamente transferidos para Vassouras ou Volta Redonda, levantamos o impacto do vírus nos óbitos desses dois municípios.
ÓBITOS POR CAUSA MORTIS REGISTRADOS EM CARTÓRIO
1 DE JANEIRO A 18 DE MAIO – VASSOURAS
No município de Vassouras o impacto do Covid-19 tem sido inexpressivo.
ÓBITOS POR CAUSA MORTIS REGISTRADOS EM CARTÓRIO
1 DE JANEIRO A 18 DE MAIO – VOLTA REDONDA
A mesma insossa relação ocorre em Volta Redonda.
RESUMINDO:
– Óbitos mensais em Barra do Piraí, ocorridos em 2019, foram 4 vezes maior do que os ocorridos em três meses de 2020, por Covid-19;
– Ocorrência de 11 óbitos em quase três meses para um município de 100 mil habitantes, não é expressivo;
– O resultado em Barra do Piraí confirma as características do vírus: baixa letalidade e alto contágio;
– Covid-19 não impactou óbitos de Barra do Piraí, Vassouras e Volta Redonda;
– Isolamento de grupos de risco e protocolos sanitários para atividades do cotidiano são suficientes para o controle do Covid-19 em Barra do Piraí. Os resultados amparam essa sugestão;
– Manutenção de isolamento social geral, como é hoje, agravará a crítica economia municipal.
Há expectativa de que o retorno das atividades econômicas, com os devidos protocolos sanitários, não deverá ser tão natural. Diversas questões deverão surgir para enfrentar a nova realidade.
Em ambiente economicamente debilitado, com potencial aumento do desemprego e sem o apoio de políticas públicas elaboradas especificamente para equacionar uma imponderável conjuntura, que ações os agentes econômicos poderão selecionar com segurança?
A quarentena inovou fomentando menor mobilidade, home office, internet, delivery, vídeo conferência, energia limpa, higiene, aula a distância, etc. que passaram a representar novos conceitos nas relações humanas e de trabalho e não podem ser ignorados.
Abrir simplesmente as portas dos estabelecimentos e orientar os funcionários como há três meses, parece não ser suficiente para a sobrevivência.
Covid-19 antecipou o futuro, cuja adequação necessita reavaliação do negócio e de sua inserção no modelo econômico que surge, construção e avaliação de cenários alternativos e intensa parceria público/privada, sem a qual as chances de acerto se reduzirão.
Solidariedade, planejamento e parceria: palavras mágicas que devem ganhar força no novo contexto.
Luiz Bittencourt. Engenheiro Metalúrgico pela UFF, Master of Engineering – McGill University – Montreal/Canadá, Pós Graduado em Comércio Exterior pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. e-mail: [email protected]