Melatonina: para que serve, benefícios para o sono e efeitos colaterais.
Entenda os benefícios, indicações e cuidados ao consumir o suplemento
Melatonina é um hormônio produzido naturalmente pelo corpo humano e uma de suas funções básicas é a indução ao sono. Ela está relacionada com a regulação do metabolismo ao longo do dia, o que inclui os períodos em que a pessoa está dormindo ou acordada.
A melatonina não tem sua venda liberada no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). No entanto, ela pode ser importada se você tiver uma receita médica. Além disso, o produto tópico feito em farmácias de manipulação já foi liberado para comercialização com receita médica.
Para que serve a melatonina produzida no corpo
A melatonina é um hormônio ligado ao ciclo circadiano, ou seja, a forma como o organismo organiza suas funções quando estamos acordados e durante o sono. A substância começa a ser produzida na glândula pineal quando o dia escurece, para ajudar o organismo se preparar para dormir. Ela atinge seu nível máximo quando estamos dormindo. Com o nascer do sol e a volta da claridade, a glândula reduz a produção de melatonina, o que sinaliza que é o momento de acordar.
Como hoje temos cada vez mais estímulos luminosos mesmo durante a noite, com a televisão, computadores e o uso constante do celular, algumas pessoas podem ter uma produção menor ou mais irregular da melatonina.
Alguns fatores costumam influenciar na produção de melatonina são:
- Idade
- Exposição a fontes de luz
- Alguns medicamentos
- Cegueira.
Indicações da suplementação de melatonina
Como a melatonina é um hormônio relacionado ao ciclo do sono, hoje essa substância é indicada para quem tem dificuldade de começar a dormir, de manter o sono ou de ter um descanso de qualidade durante a noite. Isso inclui as seguintes pessoas:
- Idosos, que costumam ter a melatonina mais baixa naturalmente
- Pessoas que trabalham em turnos noturnos e precisam dormir durante o dia
- Vespertinos, ou seja, pessoas que só conseguem dormir e acordar mais tarde
- Viajantes que precisam se recuperar do jet lag ou querem prevenir esse problema com os fusos horários
- Pessoas com alguns graus de cegueira, que devido à má percepção de luminosidade têm dificuldades em produzir o hormônio.
Além disso, é importante ressaltar que a melatonina indicada para suplementação é uma dose muito maior do que o corpo libera. Estima-se que toda noite a glândula pineal solte para o organismo 0,1 mg de melatonina, e os compridos de hoje podem ter até 3 mg da substância. Por isso é importante seguir uma indicação médica ao consumi-la.
Nas crianças a melatonina também tem a função ligada ao ciclo circadiano, ou seja, relacionada a forma como o organismo organiza suas funções quando estamos acordados e durante o sono. No entanto, o sono adequado tem implicações ainda mais importantes para os pequenos, já que durante a noite é que o corpo libera o hormônio do crescimento, importante para que a criança se desenvolva.
No entanto, a melatonina só deve ser dada às crianças quando se constata que elas não têm uma produção suficiente do hormônio. Isso ocorre principalmente em casos de autismo, cegueira total ou alguma lesão neurológica.
Em casos além desses, o ideal é conversar com um médico, pois outras medidas podem ser tomadas. Por exemplo, muitos pais têm usado a melatonina em busca de uma solução para crianças com menos de 3 anos que não conseguem pegar no sono. No entanto, o ideal para esse tipo de situação é adotar medidas de higiene do sono, assim como uma desaceleração do ritmo da casa como um todo na hora de dormir.
Além disso, a melatonina não deve ser dada para crianças sem conversar com um especialista. Por mais que muitos suplementos vendidos no exterior do Brasil sejam feitos com foco no público infantil, seu uso em crianças atualmente é considerado controverso, já que não há estudos suficientes comprovando sua segurança nos pequenos.
Benefícios da melatonina em estudo
Além de seus benefícios para o sono, pesquisadores tem analisado outros usos da melatonina na saúde. Veja algumas linhas de pesquisa:
Tratamento da enxaqueca Estudos recentes, alguns feitos aqui no Brasil, mostram os usos da melatonina no tratamento de alguns tipos específicos de enxaqueca. Ela tem sido estudada para os casos em que os pacientes não respondem aos tratamentos comuns, que consistem no uso de analgésicos, entre outras terapias. Mas ainda não se sabe qual efeito ela pode ter nesses casos e nem foi estabelecido um protocolo para seu uso.
Melhora na resposta à quimioterapia Alguns estudos em camundongos mostraram que a melatonina pode ajudar a aumentar a efetividade dos tratamentos para câncer usando quimioterapia. Estudos ainda estão sendo feitos em humanos, mas ainda não se sabe se esse hormônio atuará da mesma maneira.
Prevenção do câncer Alguns estudiosos vão além e acreditam que a melatonina pode influenciar na prevenção de alguns tipos de câncer. Existem argumentos biológicos para isso, já que um dos processos do corpo durante o sono é justamente regular o mecanismo que controla se as células novas criadas pelo corpo estão funcionando como deveriam, prevenindo o aparecimento de tumores. Mas os testes em humanos ainda estão sendo feitos e precisam de alguns anos para chegarem a uma conclusão mais concreta.
Tratamento da síndrome dos ovários policísticos A melatonina influencia na ação diversos hormônios do corpo, inclusive alguns relacionados à síndrome dos ovários policísticos, como a insulina e o estradiol. Portanto, essa interligação pode trazer benefícios para o tratamento e as pesquisas atuais estão mais focadas por enquanto em entender como a melatonina pode impactar nesses hormônios, para depois entender como usá-la nesses casos.
Amenizar cólicas em bebês Alguns estudos têm mostrado que a serotonina e a melatonina têm papeis importantes no intestino: enquanto a primeira causa uma contração nas paredes deste órgão, a segunda ajuda no relaxamento. Como os bebês têm uma glândula pineal imatura, que ainda não produz melatonina, especialistas estudam se a suplementação com uma gota de melatonina ajudaria nesses casos, mas ainda não há conclusões e muito menos protocolos de tratamento de cólicas desta forma.
Tratamento para calvície e queda de cabelo Estudos recentes têm demonstrado que a melatonina em uso tópico pode ajudar a combater a alopécia androgenética em estágio inicial. Ao que tudo indica, essa substância parece melhorar a multiplicação de células germinativas do bulbo capilar, estimulando o crescimento dos fios. Além disso, ele parece melhorar o estresse oxidativo, que poderia favorecer a atuação do DHT (di-hidrotestosterona), um dos causadores deste tipo de alopécia. Hoje, esses produtos manipulados já estão liberados e são vendidos no Brasil.
Um estudo italiano feito em 2012 com 35 homens demonstrou esse efeito. Publicado no International Journal of Trichology, a pesquisa pediu que os voluntários, com idade entre 18 e 40 anos e portadores de alopécia androgenética usassem a solução capilar com melatonina uma vez ao dia por 6 meses. Após o período, verificou-se que houve aumento da contagem capilar (29,2% após três meses e 42,7% após seis meses) e da densidade capilar (aumento de 29,1% em três meses e 40,9% em seis meses).
Melatonina ajuda a emagrecer?
Especialistas em endocrinologia explicam que o sono tem um papel importante no emagrecimento. No entanto, não é possível afirmar que o uso da melatonina em si ajuda a emagrecer. O que acontece é que durante o sono de qualidade, o corpo regula os hormônios relacionados à saciedade (a grelina e a leptina). Quando se dorme pouco ou se tem um sono de baixa qualidade, esses também hormônios atuam de forma piorada, fazendo com que a pessoa coma mais até conseguir se sentir satisfeita.
Ou seja, quem dorme melhor consegue controlar o peso de forma mais eficiente, e a melatonina pode ser aliada nesse processo. No entanto, fatores como uma alimentação balanceada e prática de atividade física também são determinantes no emagrecimento, tanto ou mais do que uma noite bem dormida.
A melatonina é vendida no exterior em doses de até 10 miligramas. Normalmente quando ela é indicada para problemas do sono, os médicos orientam a consumir até 3 mg ao dia, entre uma e duas horas antes de dormir.
Quando falamos em crianças, não há uma dosagem atualmente considerada segura, e o ideal é não oferecer esse suplemento hormonal a elas.
Cuidados ao consumir a melatonina
Não há riscos no consumo de melatonina, apenas o perigo normal a quem tem alergia a algum composto da cápsula ou alergia à própria substância. Fora isso, a substância é segura.
O consumo excessivo pode trazer problemas, mas consumindo até 10 mg ao dia não traz complicações. Entre os efeitos colaterais já observados no consumo de doses elevadas estão dor de cabeça e alteração na produção de alguns hormônios, como a prolactina. Além disso, alguns pacientes relatam uma maior produção de sonhos quando consomem o suplemento. Já as crianças podem ter um aumento nos pesadelos durante a noite.
Contraindicações da melatonina
A melatonina sintética é contraindicada para pessoas com histórico de angina e infarto.