Aprovado remédio que muda a forma de combater o câncer de pulmão
Anvisa autoriza uso de uma droga moderna como primeira estratégia frente a tumores de pulmão avançados
Pela primeira vez no Brasil, um tipo de câncer de pulmão avançado poderá ser combatido, logo de cara, com um medicamento moderno em vez da tradicional quimioterapia. Estamos falando do pembrolizumabe, uma droga imunoterápica da farmacêutica MSD.
Quem pode se beneficiar da novidade
O uso do pembrolizumabe como primeira estratégia contra cânceres de pulmão avançados (que já se espalharam localmente ou para outras partes do corpo) se restringe aos chamados tumores de não pequenas células. Para nós, basta saber que ele representa cerca de 85% dos casos no Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Além disso, para que essa arma possa ser usada logo de cara, é necessário que o tumor apresente uma expressão elevada de uma proteína chamada de PD-L1. Isso porque o fármaco age de maneira mais eficaz nesses casos — ele impede que o tumor iniba o sistema imunológico. Segundo Mariana Laloni, mais ou menos um quarto dos pacientes possuem um tumor com concentração elevada de PD-L1.
“De fato, quando selecionamos bem o paciente, a diferença dessa terapia é muito relevante”, analisa Mariana. “Essa é a tendência moderna: optarmos ou não por uma droga de acordo com particularidades da doença de cada um”, arremata.
E um anexo: já havia opções de imunoterápicos para cânceres de pulmão avançados como segunda linha de tratamento. Ou seja, se a químio não desse resultado, os especialistas brasileiros já podiam, por exemplo, lançar mão do nivolumabe (Brystol-Myers Squibb) para tentar frear o crescimento da enfermidade. A novidade, portanto, soma-se a uma penca de evoluções contra o câncer de pulmão.
Desafios
Embora tenha sido aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o fim que já comentamos, o pembrolizumabe tem um longo percurso antes de se disseminar por aí. Do ponto de vista regulamentar, por exemplo, ainda será necessário avaliar a viabilidade de inseri-lo no sistema de saúde suplementar e no SUS.
Isso sem contar que, de modo a definir a tal expressão do PD-L1, é imprescindível fazer uma biópsia para investigar o tumor de perto. “E incluir mais esse teste junto com outros vai demandar treinamento e adaptação dos profissionais envolvidos”, analisa Mariana Laloni. É de se esperar que, com o tempo, essas questões sejam afinadas.