POLÍTICA&NEGÓCIOS COM LUIZ BITTENCOURT
# CHANTAGEM TRAVESTIDA DE GREVE
Estamos sofrendo uma descomunal chantagem, patrocinada pelo sindicato patronal dos transportes de cargas, apelidada de greve dos caminhoneiros. Essa aberração só está sendo possível pela fragilidade de um governo mergulhado em acusações de corrupção e, por isso, refém de um Congresso ávido por vantagens, nem sempre republicanas, para se manter no poder.
A ausência de uma confiável liderança permitiu que a crise se alastrasse porque a desproporcional paralização, que prejudicou direitos do cidadão, não foi coibida de imediato. Ato contínuo, a atitude oportunista dos parlamentares em apoio ao movimento fortaleceu o desabastecimento em todo o país. E o preço do combustível, mote da manifestação, cresceu ainda mais, com a conta, novamente, caindo nos nossos bolsos. Como sempre há um lado bom, essa pode ser a oportunidade para que o governo assuma algumas decisões de interesse da sociedade e inicie o processo de privatização da Petrobrás, reduzindo o tamanho do Estado, retire da administração da empresa o controle sobre o etanol (não tem relação com petróleo e ainda pode ser um saudável concorrente), reveja o ostracismo delegado ao modal ferroviário e passe a privilegiá-lo nos transportes de bens e de passageiros e promova um ajuste tributário geral, com relevante redução na carga de impostos. Como o governo é fraco por natureza e debilitado por ilícitas escolhas, essa oportunidade tem tudo para passar em branco.
# JUDICIÁRIO ILÓGICO
Ministro Edson Fachin autorizou, monocraticamente, que uma comissão externa da Câmara dos Deputados, com parlamentares do PT, PCdoB, PSB, PDT e PSOL visite o presidiário Lula, sob a fajuta alegação de vistoriar as condições do cárcere. Os ministros do STF, independente da origem de suas indicações, usam constante e inconvenientemente a toga para fornecer regalias à criminosos e agora a um condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, que destruiu a economia do país. É uma esdrúxula e ilógica decisão, mas não há a quem recorrer e eles sabem disso. Enquanto isso, a Suprema Corte do Paraguai decidiu, de forma unânime, retirar a nacionalidade do doleiro Dario Messer, procurado pela justiça brasileira e ligado, por fortes laços de amizade, ao Presidente daquele país. Que diferença!
# ELEIÇÕES 2018 – SÃO PAULO
Ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), ao se desincompatibilizar para se candidatar a Presidência da República, decidiu apoiar seu vice-governador Márcio França (PSB), cumprindo acordo da campanha anterior. Porém, viu-se obrigado a enfrentar a rebelde candidatura de seu correligionário João Dória (PSDB), ex-prefeito da capital paulista que lidera, acima de 30%, as intenções de votos para o governo de São Paulo, seguido dos votos nulos e brancos. Paulo Skaf (MDB), com a vantagem de não ter o apoio do Presidente Temer (MDB), vem a seguir e em quarto lugar surge Márcio França (PSB), apesar do apoio do ex-governador. Luiz Marinho (PT) sofre indelével mácula da prisão dos líderes de seu Partido e terá dificuldade em decolar.
Para o Senado, o apresentador de televisão José Luis Datena (DEM) lidera as pesquisas, acima de 40%, mas se apresenta indeciso e ainda não confirmou sua candidatura. Datena iniciou sua filiação partidária pelo PT, transferiu-se para o PP, depois para o PRP e agora percebeu a oportunidade no DEM. Caracteriza-se como um outsider sem convicção política e com baixa capacidade de decisão. Seguem-no o vereador Eduardo Suplicy (PT) e Martha Suplicy (MDB).
Para a Câmara Federal, há possibilidade de grande número de reeleições, também decorrente da infectada estrutura partidária no Estado. Novamente, devem ser campeões de votos os candidatos Celso Russomano (PRB) e Tiririca (PR). Considerando como novidades somente João Dória (PSDB) e o improvável Datena (DEM), o cenário é insosso, contribuindo para o desconfortável sentimento de déjà vu.