PINGA FOGO
## ESTADO ACUADO, MAS SERENO
Após o teatro pirotécnico eleitoreiro de longa duração, consequência de um inusitado mandato de prisão com hora marcada, vivenciamos uma histórica inflexão e voltamos à normalidade com alívio e alguma esperança. O Estado brasileiro, mesmo acuado, demonstrou serenidade ao ser provocado e administrou, com segurança e equilíbrio, o processo de prisão de um condenado, que se rebelava. Não era qualquer condenado, mas o líder de uma minoria que resistia a operação judicial. A negociação foi muito bem conduzida pelo Estado e tivemos um final feliz para todos, principalmente para o país. Vida que segue, mas na avaliação do evento alguns fatos chamaram a atenção e necessitam ser esclarecidos. Inicialmente, a Igreja Católica precisa explicar aos católicos como permitiu a transformação da Santa Missa em palanque eleitoreiro. Certamente os católicos não apoiam esse sacrilégio. Em segundo lugar, o Ministério Público deve processar o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC por ter, a partir das 17 horas de sexta-feira, abrigado um condenado que se recusava cumprir um mandato de prisão. Essa foi uma ação ilegal que pode custar até a autorização do Sindicato.
## A LUTA CONTINUA
Os olhos da Nação agora se voltarão para dois desafios de monta. Um deles é a manutenção da prisão em segunda instância, que alavancou o combate à corrupção, e o segundo é o fim do foro privilegiado, que desequilibra a atuação judicial. Preservando, como pano de fundo, a Operação Lava Jato que ampara a esperança dos brasileiros.
## QUADRO ELEITORAL
Com a planejada, cinematográfica e melancólica saída de cena do ex-presidente Lula, o quadro eleitoral entra em turbulência, com redirecionamento de apoios e a definição de novos candidatos. Marina Silva lançou-se candidata à Presidência da República pela Rede, Henrique Meirelles deixou o Ministério da Fazenda e também pode se candidatar e Joaquim Barbosa filiou-se ao PPS e pode absorver votos do Lula. Cenário ainda nebuloso.
Luiz Bittencourt é Presidente da LASB Consultoria e escreve para a coluna Política&Negócios