Revista Diária entrevista Hélio Mendes, consultor empresarial e político, sobre seu novo e-book para prefeitos no mundo da inteligência artificial
A Revista Diária conversou com Hélio Mendes, consultor empresarial e político com vasta experiência em gestão pública, ex-secretário de Meio Ambiente de Uberlândia-MG. Ele acaba de lançar o e-book “Um Método de Gestão para Prefeitos no Mundo da Inteligência Artificial”, o primeiro voltado exclusivamente à atuação de prefeitos com base em tecnologias exponenciais. Na obra, Hélio expõe de forma direta porque a maioria dos prefeitos não consegue realizar uma boa gestão — e propõe caminhos viáveis e inovadores.
Em síntese, por que a maioria dos prefeitos não consegue realizar uma boa gestão?
Hélio Mendes: São diversos os motivos. Tudo começa nas campanhas eleitorais, quando muitos fazem promessas que sabem que não conseguirão cumprir. Depois, vêm as nomeações políticas, que muitas vezes priorizam aliados em detrimento de profissionais qualificados. Outro fator estrutural é a ausência de cultura urbana: boa parte da população migrou do campo sem uma formação cívica adequada à vida em cidade. Isso dificulta tanto a participação cidadã quanto a compreensão coletiva sobre os desafios da gestão pública.
No e-book, o senhor afirma que “a cidade tem vida”. Em que sentido?
Hélio Mendes: Sim, as cidades têm vida — em sentido figurado, mas muito real para quem entende sua dinâmica. As cidades possuem história, sentem alegrias e dores junto aos seus habitantes. Quando as maltratamos, elas reagem. Se poluímos seus rios, comprometemos nossa água. Se não cuidamos do espaço urbano, criamos um ambiente hostil. Tratar a cidade como um organismo vivo nos obriga a ter responsabilidade, sensibilidade e visão de futuro. É assim que construímos lugares mais seguros, saudáveis e felizes.
O que falta às cidades brasileiras, de forma geral?
Hélio Mendes: Falta paixão. Como disse Vinicius de Moraes, “a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro”. A cidade deveria ser um local de encontros felizes: da família, do trabalho, do lazer, da cultura. Infelizmente, muitas vezes é o contrário. Por isso, defendo que prefeitos e moradores cultivem amor verdadeiro pelas cidades. No e-book, recomendo inclusive a implantação do FIB — o Índice de Felicidade Bruta, já utilizado em diversos países. Tive a oportunidade de coordenar um projeto-piloto com esse índice quando fui secretário em Uberlândia, e os resultados foram animadores.
E o que o senhor recomenda aos prefeitos, além de ter paixão pela cidade?
Hélio Mendes: O planejamento deve começar na campanha, seguir na transição e orientar a escolha da equipe. É fundamental respeitar o Plano Diretor, que organiza o crescimento da cidade. Recomendo a criação de uma Universidade Corporativa ou Escola de Governo para qualificar servidores, fornecedores e cidadãos. Sem preparo técnico e visão de futuro, a gestão não se sustenta. A maior aposta, no entanto, está na adoção da Inteligência Artificial em todas as áreas: melhora os serviços e reduz custos — algo crucial no setor público.
E no plano pessoal, que valores os prefeitos devem cultivar?
Hélio Mendes: O prefeito deve se enxergar como o principal servidor público da cidade. Foi eleito para servir a todos — do cidadão mais influente ao morador em situação de vulnerabilidade. Ninguém governa sozinho. Se lhe falta determinada competência, é seu dever montar uma equipe que a complemente. A gestão pública não pode ser confundida com interesses privados ou de grupos — a prefeitura pertence à população. Ser prefeito é uma honra e uma oportunidade única de deixar um legado transformador.
