Entrevista com Prof. Hélio Mendes, Consultor Empresarial e Político.
Prof. Hélio Mendes é consultor empresarial e político, com ampla experiência como ex-funcionário do Ministério das Relações Exteriores, atuação em multinacionais, com cursos de conselheiro pelo IBGC e em Geopolítica pelo Instituto de Política de Paris, além de ter sido secretário municipal em Uberlândia.
Qual é o panorama atual da geopolítica global?
Novos atores emergem no cenário global enquanto a tecnologia redefine as relações internacionais. A inteligência artificial promete transformar não apenas as empresas, mas também a dinâmica geopolítica. Nos próximos anos, acordos entre potências como EUA e China podem lembrar o pós-Segunda Guerra, onde hegemonias moldaram o mundo. Por trás do visível, interesses ocultos continuam a ditar o rumo global.
Quem controla o cenário global e por que a geopolítica é vista como um jogo?
Além das grandes potências, ONGs, grupos religiosos, mídias, conglomerados e até o crime organizado têm ganhado relevância. A geopolítica é um jogo de poder e influência, com uma nova ordem ideológica: os EUA ajustam sua estratégia, enquanto a China amplia sua presença via BRICS. Um acordo de “ganha-ganha” entre ambas não está descartado, deixando os demais em desvantagem.
Qual o impacto dessas mudanças para nações e empresas?
A globalização, impulsionada pela tecnologia, reduziu o poder tradicional dos Estados e de organismos como a ONU. Isso exige que governos e empresas adotem uma nova visão estratégica para se adaptarem a um cenário global em constante transformação.
Como você avalia o Brasil e suas empresas?
O Brasil enfrenta desafios como o analfabetismo funcional, a dependência de tendências externas e a escassez de multinacionais de grande porte. O sistema universitário negligência a geopolítica, um conhecimento essencial tanto para empresas quanto para governos que precisam se preparar para mudanças globais. Além disso, as empresas nacionais ainda planejam considerando apenas o cenário setorial, quando as grandes transformações vêm da geopolítica.
Qual sua avaliação sobre Donald Trump e o impacto para o Brasil?
Donald Trump adota uma estratégia focada em conter a influência chinesa e reforçar a liderança global dos EUA. Seu governo, com uma abordagem centrada em interesses econômicos e geopolíticos, ainda não definiu com clareza a relação com o Brasil. No campo político, há pontos de inflexão devido a divergências ideológicas entre os dois governos. Caso o Brasil continue concedendo privilégios estratégicos à China, não se pode descartar eventuais retaliações por parte dos EUA.
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