DESASSISTIDA BOEMIA CANDANGA
O advento do Coronavírus vem trazendo, para Brasília, avassalador efeito colateral.
Alma boêmia candanga vai, aos poucos se dilacerando ao perder, em doses homeopáticas, seus templos de gastronomia, de prazeres e de articulações políticas.
Ontem foi a vez de Brasília tomar conhecimento do fechamento do Bar Brasília e do Bar Brahma, logo após o triste anúncio sobre o Feitiço Mineiro.
Quem aprecia bons pratos, gosta de prosear e de rever amigos lamenta profundamente a perda desses espaços construídos especificamente para a tertúlia.
Esse empobrecimento da logística boêmia vem, há longo tempo, vitimando os notívagos brasilienses.
Quem não se lembra dos áureos tempos do Gates, do Arabeske, do London Tavern, da Estação 109, da Corte, do L’Escalier, do Moinho, do Bom Demais, do Bar do Profeçor, do Piantela, do GAF, da Zoom, do Café Cancun, da New Express e por aí vai. Muitos outros se foram.
A tristeza não é de hoje e corre o risco de se alastrar.
Como compensação, alguns resilientes adotam os órfãos noturnos, como Beirute, BierFass repaginado, Libanus, Piauí e outros, na quase impossível tentativa de minorar a dor da compulsória abstinência.
Uma certeza paira no ar: Brasília precisa se reordenar, se renovar e inovar no atendimento aos boêmios da capital federal, para mitigar o depressivo sentimento de desolação.
