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100 MIL HABITANTES: BOM OU RUIM?

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POLÍTICA

BARRA DO PIRAÍ

Com Luiz Bittencourt

100 MIL HABITANTES: BOM OU RUIM?

Acompanhando a tendência mundial de crescimento da população, Barra do Piraí, segundo avaliação do IBGE, suplantou a marca dos 100 mil habitantes. Pode até parecer pouco quando comparado as 7,7 bilhões de pessoas que hoje habitam o planeta, de acordo com dados da ONU, porém deveria representar adicional preocupação para uma responsável administração municipal.

Se o crescimento populacional de Barra do Piraí viesse acompanhado de estabilizada evolução econômica, estaríamos em um otimista cenário onde futuros contribuintes/consumidores seriam naturalmente inseridos em um estruturado complexo de serviços públicos. 

Sabemos que o quadro não é bem esse. 

Considerando que o município encontra-se, há décadas, em vertiginosa decadência, pode-se concluir, com pequena possibilidade de erro, que, sem atrativos que seduzam a migração, a fertilidade é a principal causa do crescimento populacional. Passamos, então, a falar de barrenses.

Independente da causa, o crescimento populacional precisa ser acompanhado de perto pela administração pública, pois impactará fortemente a educação, a saúde e a mobilidade urbana do município.

O crescimento está na região pobre ou na elite da cidade? Como empregar em uma cidade sem indústria? Como alimentar, como educar, como oferecer atendimento médico?

Essas questões não transformam o aumento da população em problema, mas suas respostas permitem organizar conjunto de ações da Prefeitura, de forma a integrar o planejamento e construir o futuro do município.

Todavia, nos defrontamos com o mais antigo e um dos principais problemas de Barra do Piraí, a ausência de planejamento. 

O desleixo deixou a cidade no cheque especial da sustentabilidade, levando o agronegócio barrense a se incapacitar na produção de alimentos para o município e transformou a cidade em importadora de todos os bens necessários para a população.

Barra tornou-se improdutiva e completamente dependente. Somente o setor de comércio e serviços conseguiu sobreviver. 

E a população crescendo. 

Mesmo assim, não há nenhuma iniciativa, oficial ou particular, na conscientização para o planejamento familiar que organizaria as famílias, especialmente as de baixa renda. 

Voltando ao atual registro populacional, evidencia-se a negligência oficial quanto ao impacto que o desordenado crescimento causará nos serviços públicos.

A única reação política ao fato foi apresentação de um Projeto de Lei na Câmara Municipal, provavelmente estimulada pelo Executivo, para restringir o número de vereadores do município, preocupados com a consequente redução no repasse dos recursos da União para a manutenção da Casa Legislativa. 

A adequação da dimensão legislativa às necessidades do município será sempre bem vinda, porém de limitada significância face o grau da repercussão do aumento populacional no futuro da cidade. 

Esse impacto precisa ser avaliado para uma adequada inserção futura dos novos habitantes (imigrantes ou não) nos sistemas de saúde, educação e mobilidade urbana.

Conclusão, com o nível de desinformação disponível e o baixo interesse municipal, ultrapassar os 100 mil habitantes é um fato preocupante e está mais para ruim. 

Sem planejamento, há muito Barra do Pirai não sabe o que é futuro.

Luiz Bittencourt, Barrense, Engenheiro Metalúrgico pela UFF; Master of Engineering pela McGill University, Montreal, Canadá e pós graduado em Comércio Exterior pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Diretor da LASB Consultoria. Contato: e-mail: [email protected]


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