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A CRISE DO SETOR CURTIDOR BRASILEIRO

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POLÍTICA & NEGÓCIOS

ARTIGO

Hélio Mendes e Luiz Bittencourt

A crise do setor curtidor brasileiro

A cadeia produtiva do couro tem em seu primeiro elo o couro, produto nobre, reconhecido por seu toque e a primeira veste do homem no longínquo passado.

No Brasil, líder no fornecimento de couro, várias empresas nacionais se destacaram no mercado mundial, vistas como ilhas de excelência, das quais o maior e mais significativo exemplo foi a Braspelco.

Sua diferença estava na apurada visão estratégica, que extrapolava seu complexo industrial e a levou a participar dos espaços de seus fornecedores e clientes – certamente pioneira nessa ousada ação.

O que hoje é tratado como estratégia de vanguarda, a Braspelco já realizava na década de 1990.

O mercado mudou, o mundo se transformou e hoje, com tristeza e preocupação, assistimos à avassaladora desvalorização do couro.

No Brasil o problema se agravou e a rentabilidade do setor foi para o espaço. Para encontrar a saída desse labirinto, novas táticas são requeridas.

Visão de futuro e estratégia setorial ganham poder e se transformam em indispensáveis ferramentas para a sobrevivência.

O novo governo, destruidor de paradigmas, cria estimulante ambiente para inovação e para a construção de uma nova base alicerçada em produtos agregados. O clima está criado, basta planejar e ousar.

Um dos maiores estrategistas mundiais, Michael Porter, recomenda que as empresas tenham estratégias próprias, o que vale também para todo setor, ou seja: o oportunismo oferecido pelas ações do Estado traz fugaz recompensa, enquanto o investimento em capacitação e em estratégia permite duradouras alianças de generalizado alcance.

Porter vai além, quando identifica a baixa competição consequência não só de preço, imitação de concorrentes, salários baixos e recursos naturais baratos, como também de falta de investimentos em máquinas, equipamentos, marcas, P&D e treinamento.

Ausência de estratégia elimina a vantagem competitiva.

O setor sofreu intensa e predatória concentração nos últimos anos, passando a concorrer pelo volume, mantendo-o refém da classificação commodity.

Para explicar, voltamos a Porter: commodities são altamente vulneráveis a variações na taxa de câmbio e, com dívidas de curto prazo, expõem as empresas às flutuações do mercado financeiro.

Muitas organizações, há algum tempo, insistem em repetir ultrapassadas práticas e estratégias, em ambiente totalmente inóspito e de grande incerteza.

Cultivar a velha cultura é caminhar para o abismo, no momento em que se discutem não mais apenas empresas, mas cidades e países inteligentes. Enfrentar corajosamente essas questões e rever suas práticas são exigências para que o setor de couro volte a ser competitivo. 

A oportunidade existe e a inovativa estratégia é essência para o sucesso do setor.

Hélio Mendes e Luiz Bittencourt – Consultores empresariais e governamentais – www.institutolatino.com.br


www.revistadiaria.com.br


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