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BARRA DO PIRAÍ: O FUTURO PASSA PELO COMÉRCIO

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POLÍTICA & NEGÓCIOS

ARTIGO

LUIZ BITTENCOURT

BARRA DO PIRAI

O FUTURO PASSA PELO COMÉRCIO

Somente após a era do conhecimento substituir a era industrial, a importância da atividade comercial passou a ser reconhecida. 

Constatou-se, então, o óbvio. O ciclo industrial de qualquer bem produzido só se encerra com sua distribuição e sua comercialização. 

Contudo, essa informação ainda não foi devidamente absorvida em Barra do Pirai que parece não perceber a força da atividade comercial.

Uma rápida avaliação histórica revela que equivocadas decisões do governo federal repercutiram desastrosamente no município, como por exemplo a opção pelo modal rodoviário, abandonando por completo a ferrovia.

O maior entroncamento ferroviário da América Latina foi, dessa forma, literalmente jogado às traças. Para piorar, temerárias gestões municipais se sucederam ao longo de décadas utilizando as medievais práticas políticas.

A renúncia ao planejamento e a meritocracia trouxe como resultado, desindustrialização, negligência com o agronegócio, subemprego, desemprego e, consequentemente, empobrecimento econômico.

Diante de um desanimador ambiente e sem alternativas, o setor de comércio e serviços arregaçou as mangas e enfrentou os desafios, tornando-se absoluto no protagonismo da economia barrense e, por conseguinte, seu sustentáculo.

Em que pese a fragilizada situação econômica do município, o setor de comércio e serviços chegou a 2017 (RAIS, Ministério do Trabalho) representando 81% dos estabelecimentos (total de 3 mil) no município e 64% da força de trabalho (total de 16 mil empregados).

Sua representação na economia barrense atinge 60%, demonstrando que o privilégio (às vezes, sacrifício) de investir e gerar emprego na cidade tem sido exclusividade do setor de comércio e serviços.

Na região, por outro lado, as estratégias utilizadas pela administração pública barrense não têm conseguido acompanhar os resultados de municípios vizinhos.

De 2012 a 2016 (IBGE), por exemplo, o PIB per capita de Barra do Pirai saltou de R$ 17 mil para R$ 20 mil (crescimento de 17%), enquanto o de Valença cresceu de R$ 16 mil para R$ 27 mil (crescimento de 69%) e o de Três Rios aumentou de R$ 31 mil para R$ 46 mil (crescimento de 48%). 

Consequentemente, o isolado esforço do comércio não tem sido suficiente para alavancar a recuperação econômica de município, que está perdendo a corrida de resistência, cuja linha de chegada é o futuro.

Não resta dúvida de que Barra do Pirai chegou a um ponto em que necessita agregar esforços para revigorar sua economia e gerar empregos. 

As últimas gestões municipais foram incapazes de encontrar soluções para reaquecer a economia barrense. 

Por outro lado, sabemos que não há saída milagrosa para a paralisia no consumo das famílias, nem há atalhos indolores. 

A solução está no reaquecimento do mercado de trabalho que, por sua vez, passa pela aceleração do PIB, pelo fortalecimento do agronegócio e pela circulação de pessoas que o transporte ferroviário de passageiros pode oferecer. 

Investimentos produtivos fortalecem os fornecedores locais, potencializam a economia e expandem a demanda por capital humano. Estabelece-se, então, o mais do que conhecido círculo virtuoso.

Considerando que o futuro da atividade comercial não se dissocia do futuro do município, o setor de comércio e serviços, isolado protagonista da economia barrense, tem necessária e suficiente musculatura para conduzir suas perspectivas, via parceria com a municipalidade. 

Sem progresso do município, o comércio não prospera. 

Em desacreditada atmosfera administrativa, a omissão de relevante ator econômico produzirá órfãos e significará passiva aceitação dos destinos da cidade, traçados à sua revelia pela gestão pública. Com sorte, o acaso pode prover coincidências.

Como se tudo isso não bastasse, a união de esforços promove benéfica sinergia e prenuncia convergência. 

Promissor começo para as soluções requeridas por Barra do Piraí.

Luiz Bittencourt, Engenheiro Metalúrgico pela UFF; Master of Engineering pela McGill University, Montreal, Canadá e pós graduado em Comércio Exterior pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. É Consultor especializado em Relações Institucionais e Diretor da LASB Consultoria. e-mail: [email protected] 

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