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Cachorro de raça sem crise de vira-latas

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POLÍTICA & NEGÓCIOS

ARTIGO com Luiz Bittencourt e Hélio Mendes

Luiz Bittencourt, Engenheiro Metalúrgico pela UFF; Master of Engineering pela McGill University, Montreal, Canadá e pós graduado em Comércio Exterior pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. É Consultor especializado em Relações Institucionais e Diretor da LASB Consultoria. e-mail: [email protected] 
Hélio Mendes,
Professor e Consultor de Planejamento Estratégico e 
Gestão nas áreas privada e pública.
www.institutolatino.com.br

CACHORRO DE RAÇA SEM CRISE DE VIRA-LATAS

À medida que a globalização avança, os mercados se ampliam e as redes sociais, eliminando intermediários, facilitam o acesso das cadeias produtivas ao público.

Surgem nesse contexto valiosas oportunidades, mas… “não tem almoço de graça”. 

Elas, as oportunidades, exigem grandes mudanças, muito trabalho e enormes sacrifícios, de tal forma que lideranças da economia mundial não são obtidas por acaso. 

A preferência nacional por direitos, em detrimento de deveres, é cultura perniciosa que o novo governo e sua equipe tentam expurgar, o que motivou a população a elegê-lo. 

Entretanto, na aprovação das propostas, surgem as conhecidas dificuldades, criadas até pelos que concordam com o projeto.

Alheia às nossas fraquezas, a Índia desponta com robusto apetite pelo consumo, ameaçando a liderança chinesa no crescimento da demanda asiática.

Em que pese otimistas previsões para todos os setores nacionais, muitas empresas – e até setores – ainda não estão preparados para atender a esse movimento. 

O cenário exige novos conhecimentos, novas atitudes, novas estruturas de negócios e, principalmente, ousadia.

O carro-chefe brasileiro, até agora, tem sido o agronegócio. Porém, os produtos acabados que importamos são fabricados, em grande parte, com nossas matérias-primas. 

Esse modelo se exauriu e não pode ser mantido, exigindo investimentos em educação e pesquisa, solução conhecida desde a substituição das importações, mas até hoje desdenhada. 

Japão e China não as desprezaram, galgaram patamares tecnológicos, alocaram estudantes nas principais universidades do mundo e passaram a assinar contratos de transferência tecnológica em seus solos.

O novo governo brasileiro tem mostrado, com bastante clareza, que deseja eliminar todos os obstáculos que dificultam a competição do produto nacional no mercado internacional. 

Muitos setores industriais apoiam, mas não abrem mão da cultura do subsídio e do recorrente socorro do estado que beneficia alguns e penaliza muitos. Como consequência, continuamos um país periférico. 

Enquanto isso, o setor que mais cresce, que obtém maior rentabilidade, que pouco produz, mas foi criado para atender à atividade produtiva é o setor bancário. Com esse modelo perverso, não temos chance.

O Brasil, por sua posição estratégica e abundância de recursos, não deve se limitar a contribuir com a qualidade de vida para os brasileiros, ou para a humanidade, mas precisa se conscientizar da capacitação necessária para conquistar posição de relevância na ordem mundial. 

Temos um governo que abandonou o atraso e as discussões tangenciais e improdutivas. 

A leitura correta do momento impõe “open minded”, pensar grande, conhecimento, atitude, ousadia e ação despojada. 

A manutenção de um estado patrimonial, um corporativismo  assoberbado e uma classe política com medíocres atitudes, nos limitará a observar a passagem do trem da história


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