POLÍTICA
OPINIÃO
DESARMONIOSA REPÚBLICA
Chegamos aos 130 anos de uma república em formação.
Jovem e, por isso mesmo, indecisa, a República brasileira comemora seu aniversário clamando por imediatos e profundos ajustes.
Seus três poderes, Executivo, Legislativo e Judiciário, não estão nada harmônicos, muito menos independentes, como pregava Montesquieu na sua teoria de separação dos poderes.
Essa dicotomia está causando ensurdecedores ruídos no cotidiano nacional e promovendo irresponsável cabo de guerra entre eles, sem possibilidade de vencedores.
Desde 1985, o regime presidencialista optou pelo modelo apelidado “de coalizão”, baseado em intensa articulação entre Executivo e Legislativo, o que promoveu gradativa redução da independência entre eles, ao estimular, inicialmente, “inocente” troca de favores, chegando à última legislatura com indecentes acordos e conluios, sempre em detrimento do erário.
Para piorar, essa prática imoral, de tão exercida, foi banalizada e institucionalizada pelos líderes de plantão.
Desse progressivo compadrio nasceram esquemas de elevado nível de corrupção como Mensalão, Petrolão e outros ainda não descobertos.
O incômodo inicial se transformou em indignação, levando a população a gigantescas manifestações, culminando com um impeachment presidencial e um cavalo de pau na orientação ideológica da presidência.
Neste ano de 2019, tudo mudou no Brasil.
Desde as reconquistadas esperanças da sociedade até os excelentes resultados iniciais, há muito não obtidos pelo governo brasileiro.
O sucesso do Executivo passou, então, a incomodar e o descomunal aparelhamento das instituições foi instado a aflorar, levando o Legislativo e o Judiciário a disputar o protagonismo.
Chegamos, então, aos dias atuais, onde o Congresso Nacional desfigura importantes projetos do Executivo pelo simples desejo de colocar sua marca e o Judiciário sentencia de acordo com as pautas do anterior modelo de coalizão e, quando impossibilitado, legisla sem qualquer constrangimento.
Não há harmonia, nem independência entre os Poderes.
O cenário é destruidor, indesejado e o Brasil está pagando um preço muito elevado.
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